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"Com democracia tudo é possível", disse Joe Biden no discurso sobre o estado da nação


Joe Biden ladeado pela vice presidene Kamala Harris e por Kevin McCarthy
Joe Biden ladeado pela vice presidene Kamala Harris e por Kevin McCarthy

O Presidente Joe Biden estendeu ontem à noite a mão à cooperação com a nova maioria Republicana na Câmara dos Representantes, mas tornou claro que tenciona seguir com a sua política de maiores investimentos internos e impostos para bilionários de modo a assegurar uma situação social e fiscal mais “justa”.

No seu discurso sobre o Estado da União, o Presidente rejeitou também a possibilidade de se efectuarem reduções ou cortes nos programas de de assistência social para reformados como parte das negociações para se elevar o tecto da dívida americana.

No que diz respeito a política externa Biden reafirmou o apoio à Ucrânia pelo tempo que for necessário.

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Pela primeira vez desde que assumiu a presidência Joe Biden faz face a maiores dificuldades na sua agenda legislativa já que a Câmara dos Representantes é agora controlada pelo partido Republicano. Mas o presidente americano estendeu a mão aos Republicanos afirmando que as últimas eleições foram um sinal claro de que o eleitorado está cansado do divisionismo político no país.

“Aos meus amigos Republicanos tenho a dizer que se pudemos trabalhar juntos no último Congresso, não há nenhuma razão porque não podemos trabalhar neste congresso”, disse o presidente perante o olhar do novo presidente da Câmara o Republicano Kevin McCarthy sentado no pódio atrás do presidente e ao lado da vice presidente Kamala Harris.

Uma das questões urgentes que os dois dirigentes terão que resolver é a questão do aumento do tecto da dívida que os Republicanos querem usar para forçar cortes orçamentais e o presidente lançou um apelo a discussões entre os dois partidos para se chegar a um acordo mutuo

O presidente disse que nos últimos dois anos o seu governo tinha feito aprovar centenas de leis som apoio bipartidário, acrescentando que a America é um “país de possibilidades”.

“O povo mandou-nos uma mensagem clara. Lutar por lutar, poder pelo poder, conflito pelo conflito não nos leva a lado nenhum”, disse o Presidente no meio de aplausos.

Joe Biden disse que isso “tem sempre sido a sua visão para o país” nomeadamente “ restaurar a alma da nação, reconstruir a espinha dorsal da América que é a classe média, unir o país”.

“Enviaram-nos aqui para terminar esse trabalho”, acrescentou Biden que começou por saudar o novo presidente da Câmara dos Representantes Kevin McCarthy afirmando perante risos que “não quero destruir a tua reputação mas estou ansioso por trabalhar contigo”.

O Presidente efectuou este discurso numa altura em que as sondagens continuam a indicar que pouco apoio tem do eleitorado americano com o seu nível de aprovação a rondar os 42%, o que é contudo uma melhoria dos 30% registados há poucos meses atrás quando a inflação atingiu o seu nível mais alto.

Como seria de esperar o Presidente deu no entanto crédito à sua política económica afirmando que quando assumiu a presidência a economia encontrava-se em crise e desde então o país criou “12 milhões de novos empregos, mais empregos criados em dois anos do que qualquer presidente jamais criou em quatro anos”.

“Há dois anos a COVID tinha encerrado as nossas empresas, encerrado as nossas escolas e roubado-nos muito. Hoje a COVID já não controla as nossas vidas”, disse o Presidente que acrescentou em referência ao ataque ao edifício do congresso por apoiantes do então Presidente Donald Trump: “Há dois anos a nossa democracia fez face à sua maior crise desde a guerra civil. Hoje embora magoada a nossa democracia permanece firme e inquebrável.”

O presidente rejeitou também criticas que o seu governo tem vindo a aumentar os déficits orçamentais afirmando que “nenhum Presidente acrescentou mais à divida nacional em quatro anos do que o meu predecessor”.

“Quase 25% de toda a dívida nacional , uma dívida que levou 200 anos a acumular, foi acrescentada por essa administração”, disse.

No que se refere aos seus planos económicos para os próximos dois anos o presidente disse que quer investir “nos lugares e pessoas que foram esquecidos”, afirmando que nas últimas quatro décadas demasiadas pessoas “foram deixadas para traz ou são tratadas como se fossem invisíveis”.

“Estamos a construir uma economia onde ninguém é abandonado” como um plano de “colarinho azul para reconstruir a América e fazer uma verdadeira diferença nas nossas vidas”.

O Presidente mencionou partes de uma agenda económica que não foi aprovada nos últimos dois anos, incluindo um crédito fiscal para os pais de crianças menores, um novo impost em bilionários e controlo no preços de insulina que é usada para tratamento de pessoas que sofrem de diabetes.

“A ideia de que em 2020 55 das maiores companhias na América fizeram 40 mil milhões de dólares em lucros e não pagaram imposto de rendimento federal, isso não é justo”, disse o presidente recordando que ao abrigo de leis aprovadas durante os seus dois primeiros anos na presidência foi aprovado um imposto mínimo de 15% .

“Capitalismo sem concorrência não é capitalismo é exploração”, disse.

O Presidente anunciou um plano para que todo o material usado em projectos de construção do governo federal têm que ser de fabrico americano.

Violência policial

Joe Biden abordou também a questão da violência policial como exemplificado pela morte recente de Tyre Nichols que foi recentemente morto num espancamento de cinco polícias e cujos pais se encontravam entre os convidados do Presidente.

“A segurança pública depende da confiança pública, mas demasiadas vezes essa confiança é violada”, disse o Presidente.

Kamala Harris homenageou Tyre Nichols em Memphis
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“Eu sei que a maior parte dos polícias são bons e pessoas decentes, arriscando as suas vidas todas as vezes que põem o seu emblema, mas o que se passou com Tyre em Memphis é inaceitável”, disse o presidente

“Temos que ser melhor”, acrescentou.

O presidente pediu também que o congresso aprove a proibição da venda de armas de guerra , afirmando que o numero de vítimas dessas armas tinha triplicado “desde que os Republicanos deixaram expirar” uma lei anterior proibindo a venda dessas armas.

Joe Biden condenou a decisão do tribunal supremo retirar o direito federal ao aborto avisando que irá vetar qualquer lei que torne a proibição do aborto uma lei federal.

Guerra na Ucrânia

No seu discurso o presidente disse que a invasão “assassina” da Ucrânia pela Rússia é “um teste para a América, é um teste para o mundo”, acrescentando que a defesa da Ucrânia é necessária para se “impedir os agressores que ameaçam a nossa segurança e prosperidade”.

A embaixadora da Ucrânia encontrava-se entre os convidados e o ?Presidente disse-lhe que “a América está unida no nosso apoio ao seu país”.

“Estaremos convosco não importa o tempo que levar”, disse.

Abordando as relações com a China, o Presidente disse ter tornado claro ao seu homólogo chinês que os Estados Unidos “querem a competição não conflito”.

“Mas não caiam em erro: Como tornamos claro na semana passada se a China ameaçar a nossa soberania tomaremos medidas para proteger o nosso país e foi isso que fizemos”, disse o presidente em referencia ao incidente envolvendo um balão chinês que sobrevoou o território americano e foi abatido.

“Nunca foi uma boa ideia apostar contra a América, nunca”, disse o Presidente.

O Presidente terminou o discurso afirmando que “com a democracia tudo é possível , sem ela nada é possível”, disse o presidente afirmando que “devemos estar sempre no nosso melhor, optimistas, esperançados, a olhar para a frente”.

“Somos os Estados Unidos da América e não há nada, nada para além das nossas capacidades se o fizermos em conjunto”, disse o presidente.

A resposta Republicana

A resposta dos Republicanos foi dada pela governadora do Arkansas Sarah Huckabee Sander, que foi porta voz do presidente Donald Trump antes de ser eleita para aquele cargo.

Sarah Huckabee Sanders
Sarah Huckabee Sanders

Huckabee Sanders criticou os “radicais de esquerda” da América e “a guerra cultura da esquerda”.

“Na América da esquerda radical Washington impõem-vos novos impostos, incendeiam o dinheiro ganho arduamente, e vocês são esmagados por preços altos da gasolina, prateleiras vazias nas lojas e as nossas crianças são ensinadas a odiarem-se mutuamente pela sua raça, mas não a amarem-se mutuamente ou o nosso grande país”, disse a porta voz dos Republicanos.

“A maior parte dos americanos querem apenas viver as suas vidas em liberdade e paz mas estamos sob ataque numa guerra cultural da esquerda que não iniciamos e que nunca quisemos lutar”, disse a governadora.

“Os Republicanos acreditam uma América onde famílias fortes avançam em comunidades seguras onde os empregos são abundantes e os ordenados sobem, onde a liberdade pela qual os nosso veteranos verteram sangue para a defender é o direito de nascimentos todos os homens, mulheres e crianças”, disse a resposta Republicana.

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