Os fiéis católicos na província do Uíge criticam a decisão da Igreja de criar a Associação da Família Cristã liderada por pessoas do poder local, como a vice-governadora para área política e social da província e o conservador, entre outras individualidades do partido no poder
A associação criada e apresentada aos crentes na Sé Catedral do Uíge, a 3 de Maio, tem suscitado reações diversas no seio dos fiéis.
O descontentamento foi manifestado por alguns antigos seminaristas da Igreja católica no Uíge que preferiram falar no anonimato temendo sofrer represálias.
“Como ex-seminarista, nós vivemos e crescemos na igreja mas nunca tínhamos visto um episódio como este”, lamentou a fonte que acrescentou que a situação se torna “desagradável para a igreja e nós cristãos de forma geral, não estamos a perceber que tipo de jogada existe entre a Igreja e o Governo”.
A mesma fonte referiu ainda que a igreja não tem motivos para criar vínculo com partidos ou Governo para fins políticos visto que a igreja é sustentada pelos fiéis através das ofertas ou de outras regalias.
Uma outra fonte que também prestou declarações à VOA revelou que aquelas individualidades desempenham cargos públicos dentro do Governo, facto de que preocupa os fieis.
“Isso preocupou-nos como cristãos da igreja, será que isso é principio da criação de comité de especialidade do MPLA?”, interroga a outra fonte que também preferiu não dizer o nome.
“Entre a Igreja e o Estado, a Constituição diz que o Estado angolano é laico, então deve haver limites entre a Igreja e o Estado”, concluiu a mesma fonte.
Em conversa telefónica não gravada com a VOA um dos padres da Missão Católica disse que associação ora criada nada tem a haver com fins políticos. Ao solicitarmos as declarações do Bispo da Diocese do Uíge, ele manifestou indisponibilidade devido à sua agenda de trabalho.
Quanto ao Governo da província, apesar dos esforços, não houve qualquer reacção.