Um alto funcionário do Gabinete de Estudos de Segurança da Presidênciada República de Angola nega as informações postas a circular em alguns círculos da capital e da imprensa de que certos elementos da Casa Militar estão contra a forma como José Eduardo dos Santos quer fazer a transição dentro do MPLA.
A mesma fonte reforçou que a educação marxista-leninista não permite aos “generais desrespeitar o Presidente e não o faremos”.
Esta reacção surge no meio da informações de que João Lourenço foi o escolhido por Santos para ser o candidato do partido maioritário às eleições.
Na verdade, até ao momento, não se conhece oficialmente o nome do candidato do MPLA a Presidente da República nas eleições de 2017.
Apesar de informações citando fontes do Comité Central do partido indicar que João Lourenço é o indicado, como também disse o primeiro secretário do partido e Governador de Malanje, Norberto Fernandes dos Santos “Kwata Kanawa”, no passado sábado, o MPLA não anunciou oficialmente o seu nome nas celebrações , cujo acto central foi presidido pelo próprio Lourenço.
O cientista político Nelson Pestana “Bonavena” diz haver no MPLA vários sectores com diversos candidatos e interesses, sendo previsíveis eventais resistências.
“Parece que já há sinais de uma certa resistência a este processo de substituição que poderá configurar uma sucessão na Presidência da República, mas eram previsíveis porque há vários sectores que tem os seus próprios candidatos e os seus próprios interesses e estão a reagir com as suas próprias armas”, explicou.
O também investigador e docente universitário afirma, no entanto, que a Casa Militar nunca irá se opor a uma decisão de José Eduardo dos Santos mas vai estar muito atenta, caso o Presidente da República perder o poder.
“Nunca irão ao ponto de se oporem a uma decisão deliberada do Presidente da República, mas estarão sempre vigilantes para agirem a seu favor se o Presidente perder o poder, e isso não esta muito distante porque ultimamente têm sido outras pessoas mesmo em seu nome a dirigirem o pais”, lembrou, acrescentando que a guarda militar “é um exército paralelo”.
Dois generais ligados à Presidência em conversa com a VOA sob anonimato negaram qualquer conflito com José Eduardo dos Santos.