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Carnaval gera um sentimento de “inclusão” a muitos brasileiros marginalizados


Caranaval no Rio de Janeiro
Caranaval no Rio de Janeiro

Os actores americanos Jude Law e Pamela Anderson, já confirmaram presença nos desfiles deste ano das escolas de samba do Rio de Janeiro,

Celebridades brasileiras e internacionais, como os actores americanos Jude Law e Pamela Anderson, já confirmaram presença nos desfiles deste ano das escolas de samba do Rio de Janeiro, cidade que é um dos cartões postal do Brasil. Em outras regiões do país, como a Bahia e Pernambuco, trios eléctricos com artistas e cantores renomados, além de blocos caricatos vão arrastar, deste sábado até a manhã da quarta-feira ( dia 9), milhares de brasileiros e estrangeiros pelas ruas ao som de samba, axé, frevo e outros ritmos.

Além de ser uma festa, que celebra a alegria e diversão sem limites, o carnaval é visto como uma expressão popular de extrema importância e tem sido tema de estudos de vários sociólogos e antropólogos.

Para estudiosos, o carnaval no Brasil gera um sentimento de “inclusão” a muitos brasileiros marginalizados o ano inteiro. O evento, como analisa o sociólogo Wílson Cruz, consegue colocar empregadas domésticas e varredores de rua, em posições que eles não ocupam em outros momentos no país. “É impressionante como o Carnaval tem o poder de inverter a ordem estratificada da pirâmide social. É a doméstica que vira passista e rouba a cena, é o gari que é baterista e passa a fazer parte de forma protagonista do evento”, explica. “O evento funciona como uma válvula de escape da rotina para as pessoas marginalizadas no país”, conclui.

Para o sociólogo, até os brasileiros mais religiosos, que negam a festa por considerá-la profana demais, são afetados por essa expressão cultural brasileira. “Quando as pessoas são retiradas do cotidiano pelo feriado do carnaval, elas começam a fazer questionamentos que não fariam se não tivessem sido retiradas desse cotidiano. Os religiosos ficam mais religiosos e repensam o sentido da vida e do culto aos prazeres da carne. Isso pode fortalecer
o vínculo que as religiões têm entre si.

Com as características que tem, o evento no Brasil pode ser considerado uma festa inclusiva. “Ela pode ser assim considerada se pensarmos que o carnaval reverte à ordem social, revitaliza algo que para muitos está perdido, que é o sentimento de pertencimento a um grupo e ainda fortalecer os laços entre membros de grupos religiosos.

Para estudiosos do carnaval no Brasil, a festa popular é um retrato da sociedade e muda de acordo com a época. Segundo Wilson Cruz, esse refletir que a festa traz pode ser observado mais facilmente no desfile das escolas do Rio de Janeiro, quando as agremiações decidem criticar comportamentos sociais. “O Joãozinho Trinta, um dos mais famosos carnavalescos do Brasil, há alguns anos, criou divergências porque quis levar à avenida um carro alegórico com a imagem de Cristo”, conta. “A ideia era levantar a discussão sobre polêmicas envolvendo a Igreja, como o uso de camisinha e a liberação do sexo. Imagino que, daqui a alguns anos, as escolas estarão tocando em pontos polêmicos que não chamam tanto à atenção hoje”.

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