A Cáritas em Angola lança uma campanha nacional de recolha de donativos para atender as necessidades básicas dos cerca de 20 mil refugiados da República Democrática do Congo (RDC) concentrados em dois campos de acolhimento na província da Lunda-Norte.
No terreno, informações dão conta que refugiados estão a abandonar os campos à procura de empregos precários nos bairros, devido à falta de comida.
O director da Cáritas de Angola, Eusébio Amarante, declarou nesta segunda-feira, 15, no acto lançamento da campanha que “neste momento falta já não é a organização, mas fundamentalmente a alimentação”.
Para fazer face à carência alimentar, muitos refugiados estão a abandonar os campos de acolhimento nos arredores da cidade do Dundo à procura de empregos informais nas comunidades vizinhas.
A informação foi prestada à VOA pelo responsável do Partido de Renovação Social PRS na região, Augusto Paulino Salumbula, para quem há receio de que essa fuga dos refugiados possa provocar instabilidade social.
“A polícia não tem capacidade para controlar todos os refugiados dentro dos dois campos de acolhimento”, revelou Salumbula, denunciando também que alguns deles estão a apropriar-se das culturas dos camponeses angolanos ao longo da fronteira.
“Os camponeses estão obrigados a andar em grupos por razões de segurança”, sublinhou a mesma fonte.
Entretanto, na sexta-feira, 12, o Governo de Angola apelou às autoridades da RDC e a todas forças políticas a cessarem “imediatamente a violência e a prática de actos de extremismo e de intolerância política”.
Luanda considera que o estado de instabilidade no país vizinho tem vindo a provocar uma entrada massiva de refugiados em território angolano e apelou o Governo da RDC a “um esforço suplementar em termos financeiros, logísticos, de segurança e ordem pública, por forma a acudir às necessidades humanitárias mais prementes das pessoas referidas, cujo número não para de aumentar”.
Num comunicado distribuído em Luanda, Angola exortou o Governo da RDC a enveredar “pela via do diálogo sério e construtivo, que propicie o retorno da paz e da estabilidade ao país”.
O Executivo chama também a atenção das organizações regionais e das Nações Unidas para a “necessidade de se encetarem acções políticas, diplomáticas e outras que se mostrem necessárias e adequadasvisando uma solução “a breve trecho do grave problema em curso na RDC”.