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Candidatura de Henriques Dhlakama à presidência moçambicana divide opiniões na Renamo


Henriques Afonso Dhlakama, filho do fundador e líder histórico da Renamo
Henriques Afonso Dhlakama, filho do fundador e líder histórico da Renamo

A intenção do filho do fundador e líder histórico da Renamo Afonso Dhlakama, Henriques Dhlakama, de concorrer às eleições presidenciais moçambicanas em 2024 está a dividir a Renamo, com o presidente do partido a desvalorizar o anúncio e o líder dissidente a apoiar, para o crédito da democracia.

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Henriques Dhlakama anunciou nas redes sociais a sua intenção de se candidatar à Presidência de Moçambique em 2024, para que o país evite entrar em “precipício”, quase duas semanas depois de ter publicado na sua página do Facebook uma “Declaração política de compromisso”, na qual dizia assumir “o compromisso de participação ativa na vida política partidária nacional, em prol do interesse nacional”.

Em declarações à VOA, o presidente da Renamo, Ossufo Momade, desconsiderou a eventual candidatura de Henriques Dhlakama, sustentando que o posicionamento não abala, mas garante que não terá apoio da direção do maior partido da oposição.

O líder da Renamo, que falava nesta segunda-feira, 14, num encontro com membros e simpatizantes da Renamo, no distrito de Angoche (Nampula), disse que respeita a convicção do primogénito de Dhlakama e prometeu não criar nenhum problema “a um cidadão que quer concorrer às eleições presidenciais”.

“Como partido não temos nenhum problema em relação a essa decisão que ele (Henriques Dhlakama) tomou. Isso não representa nenhuma ameaça ao partido, até porque ele é um cidadão livre de fazer o que bem entender”, disse Ossufo Momade, num tom característico militar.

Já o dissidente da Renamo e que lidera a auto-proclamada Junta Militar, Mariano Nhongo, em entrevista telefónica à VOA nesta segunda-feira, 14, observa que o apoio político a Henriques Dhlakama vai ser viável se o seu projeto de governação der mais crédito à democracia moçambicana, que ele insiste ainda não estar sólida.

“A (auto-proclamada) Junta Militar está a exigir a democracia e a democracia aceita as coisas que constroem o país...”, reiterou Nhongo, que pondera apoiar o primeiro filho de Afonso Dhlakama.

“Se ele (Henrique Dhlakama) está no caminho certo, o povo vai examinar também”, sublinha o líder rebelde que falava algures da Gorongosa.

Mariano Nhongo garante que não conhece pessoalmente Henrique Dhlakama e que não teve qualquer contato de manifestação de interesse para o apoio à sua candidatura pela auto-proclamada Junta Militar da Renamo, um grupo dissidente da Renamo que não reconhece a liderança de Ossufo Momade e quer renegociar os acordos de paz de Agosto de 2019.

No post da sexta-feira, 11, Henriques Dhlakama escreveu: “Irmãs e irmãos moçambicanos, neste dia, em que, após muita reflexão, lanço a minha candidatura à Presidência da República de Moçambique, tenho o coração repleto de uma alegria tranquila”.

Na mesma publicação acrescentou que sente “por todos vocês, moçambicanos, que nos últimos dias me enviaram milhares de mensagens de esperança, lealdade, encorajamento e outras de sentido desespero, por uma mudança que tarda em chegar”.

Este posicionamento do primogénito de Dhlakama surge depois de, a 31 de agosto, na mesma rede social, ter publicado uma “Declaração política de compromisso por Henriques Dhlakama aos moçambicanos”, na qual dizia assumir “o compromisso de participação ativa na vida política partidária e nacional, em prol do interesse nacional”, face “aos pedidos insistentes por parte de atores políticos e sociais, nacionais e internacionais, bem como diversos elementos das facções partidárias na Renamo”.

Lembrou, contudo, que Moçambique já esteve sujeito à tirania e escravatura, à violência e discriminação, à injustiça e miséria, mas que depois veio a liberdade.

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