A Campanha Internacional para a Abolição das Armas Nucleares (ICAN, nas suas siglas em inglês) é o vencedor do Prémio Nobel da Paz 2017, revelou o Comité Nobel em Oslo, na Noruega, nesta sexta-feira, 5.
A organização foi premiada pelo seu trabalho para chamar a atenção para as consequências humanitárias catastróficas do uso de armas nucleares e pelos seus esforços inovadores para conseguir uma proibição da utilização dessas armas.
De acordo com o Comité Nobel, o prémio acontece em um momento em que vários países estão a modernizar os seus arsenais.
“As armas nucleares representam uma ameaça constante para a humanidade e para toda a vida na Terra”, justificou a academia.
A director executiva da ICAN, Beatrice Fihn, afirmou que o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o líder norte-coreano, Kim Jong-Un, devem saber que armas nucleares são ilegais.
Para Fihn, o prémio “envia uma mensagem a todos os Estados com armamento nuclear e todos os Estados que continuam a contar com as armas nucleares para a sua segurança de que este é um comportamento inaceitável".
"Não podemos ameaçar com o massacre indiscriminado de centenas de milhares de civis em nome da segurança. Não é assim que se constrói a segurança", acrescentou Fihn para quem a distinção é "uma grande honra".
"Este é um momento de grande tensão no mundo, uma altura em que declarações inflamadas podem levar-nos muito facilmente, inexoravelmente, para um horror inominável. O espectro de um conflito nuclear volta a pairar", afirmou em comunicado.
Daniela Varano, porta-voz da campanha, disse à agência Reuters que a organização ficou muito feliz por ter ganho o prémio.
"Estamos entusiasmados, esta é uma óptima notícia. É um grande reconhecimento para o trabalho que fizeram os activistas ao longo dos anos e especialmente o Hibakusha (como são chamadas as pessoas afectadas pelas bombas atómicas no Japão). Esse testemunho foi crítico, crucial e para um sucesso tão surpreendente", afirmou Varano.
Vencedores de 2017:
Literatura: escritor inglês Kazuo Ishiguro
Química: trio formado por Jacques Dubochet (suíço) Joachim Frank (alemão) e Richard Henderson (escocês) por uma série de melhorias que revolucionaram a observação de biomoléculas.
Física: Rainer Weiss, alemão naturalizado american,o e Barry Barish e Kip S.Thorne, cientistas nascidos nos Estados Unidos, ganharam o prémio pela observação de ondas gravitacionais previstas por Albert Einstein há mais de 100 anos.
Medicina: os norte-americanos Jeffrey C. Hall, Michael Rosbash e Michael W. Young levaram o prémio pelas suas descobertas no ritmo circadiano, o relógio biológico interno dos seres vivos.
O Nobel de Economia será anunciado na segunda-feira, 9.