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Campanha eleitoral em Moçambique: O espetro da violência


Analistas políticos alertam para discursos dos políticos e lembram a tradição de violência no país.

Em Moçambique, as anteriores campanhas eleitorais registavam incidentes violentos e os analistas políticos alertam agora para a importância dos discursos das lideranças, que podem diminuir ou incitar a violência, sobretudo num país onde a violência faz parte da sua historia política.

Apesar de vários apelos para que a campanha para as autárquicas do dia 11 de Outubro seja pacífica, casos de violência têm sido registados em diferentes pontos do país.

Campanha eleitoral em Moçambique: O espetro da violência
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O jornalista e analista político Fernando Lima faz notar que a própria luta armada de libertação nacional foi um ato violento e a Renamo, nas suas reivindicações políticas, também desencadeou um ato de violência, acontecendo o mesmo em sucessivas ocasiões, em que situações de desacordos políticos foram resolvidas, normalmente, pela via da violência.

"Infelizmente, a tradição de violência é algo muito normal em Mocambique, logo, nas disputas eleitorais que deveriam ser momentos pacíficos e de festa, essa violência aparece’’, realça aquele analista.

Lima anota que os lideres políticos, de algum modo, contribuem para esta violência ao proferirem discursos incendiários sobre os mais diversos assuntos, "porque dizer, por exemplo, que temos que conquistar todas as autarquias do país, é, de algum modo, um desafio para que as outras forças políticas reajam agressivamente a este tipo de pronunciamentos".

Opinião semelhante tem o sociólogo Moíeis Mabunda, para quem "é preciso que as formações políticas, sobretudo as lideranças máximas, continuem a pressionar as lideranças intermédias e as da base, para que tenham como mensagem a não violência, porque como se sabe, os nossos processos eleitorais estão cheios de violência".

Para Fernando Lima, isto acontece porque "não há uma cultura de fazer a pedagogia de não violência nos atos eleitorais, e vai continuar assim enquanto não houver uma atitude proativa em relação a essa pedagogia".

Contudo, o também analista político Francisco Matsinhe aponta que a violência em atos eleitorais não tem sido instigada pelas lideranças políticas, mas estas deviam fazer mais para que as eleições não sejam violentas.

Matsinhe aponta que "a Renamo, o MDM e a Frelimo têm apelado a que as eleições sejam pacificas e ordeiras, e eu penso que o apelo é feito de boa fé, mas acontece é que é difícil controlar as emoções’’.

Aqueles partidos dizem que os apelos que têm feito são no sentido de evitar qualquer ato que manche as eleições.

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