A Associação dos Industriais de Camionagem da província angolana de Benguela alerta para o drama de centenas de membros em estado de falência por falta de incentivos e pela concorrência de chineses e namibianos.
A possibilidade de transporte do minério da República Democrático do Congo, que começou a ser discutida ainda antes do clima de instabilidade naquele país, é uma alternativa, mas os camionistas defendem soluções a nível interno.
À espera de incentivos, sobretudo da banca, os camionistas constituem, na óptica da Associação, uma peça chave no processo de diversificação da economia.
O empresário Octávio Pinto, antigo presidente de direcção, prefere não acreditar no momento actual de uma classe que se queixa, entre vários males, do baixo valor de um frete face aos gastos para a manutenção dos meios.
“Se não olharmos para camionistas, a roda da diversificação da economia pode parar porque somos nós que fazemos chegar o sal, o peixe e o cimento à fronteira com o Congo, mas somos a classe que mais sofre, sem nada’’, denuncia Pinto.
Numa breve incursão ao passado, o antigo presidente fala de profissionais que estiveram ao lado das autoridades em tempo de guerra, hoje ofuscados por industriais de outros países.
“’Há muito industrial de camionagem a falir, sem emprego, também devido a situações anómalas no nosso país. Por exemplo, os chineses fazem aqui as suas indústrias e trazem camiões e motoristas, quando nós temos bons motoristas, mas não fazem isto na Namíbia, onde já tentaram’’, conclui Pinto.
Da fronteira com o Congo Democrático, num percurso de quase dois mil quilómetros, camionistas de Benguela deverão trazer minerais para o terminal do Porto do Lobito.
É uma oportunidade de negócio que surge até o caminho-de-ferro estar ligado aos ramais da RDC e da Zâmbia.
“Temos avanços significativos para este trabalho. Está, por ora, tudo a ser tratado entre empresários dos dois países’’, disse a VOA aquele empresário, que fala numa operação que pode valorizar o Porto Mineral.
Orçado em 522 milhões de dólares, o Terminal de Minérios está reduzido à insignificância.
As autoridades angolanas têm os olhos postos na província congolesa de Katanga, com uma produção anual de 1 milhão de toneladas de cobre.