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Cabo Delgado: Militares russos aterram, ataques continuam


Macomia, Cabo Delgado
Macomia, Cabo Delgado

A chegada de militares russos ao norte de Moçambique, que ninguém confirma oficialmente, não travaram ainda as incursões dos chamados insurgentes islâmicos.

Há registo de mais ataques a aldeias pobres de distritos de Cabo Delgado, onde desde 2017 foram, pelo menos, assassinadas, mais de trezentas pessoas e vandalizadas centenas de casas.

Os últimos ataques reportados, pelo jornal Carta de Moçambique, ocorreram, esta semana, nos distritos da Mocímboa da Praia e Muiduimbe, tendo os alegados insurgentes raptado, pelo menos, 20 pessoas, e incendiado dezenas de casas.

Nas localidades destes distritos reporta-se um “cenário de horror”, com casas desabitadas “num raio de 30 kms” e a população refugiada em locais que julga seguros para evitar as acções do grupo, que alegadamente “ameaça atacar os postos de votação no dia 15 de outubro”.

Os estudiosos desta insurgência ainda não chegaram a consenso em relação às motivações, mas o Estado Islâmico já reivindicou alguns ataques.

Militares e mercenários russos

Esta onda de ataques acontece dias após a alegada chegada ao país de militares e equipamento russos para ajudar as autoridades no combate aos chamados jihadistas.

O jornal inglês Times escreve que chegou, semana passada, a Moçambique, “um contingente de cerca de 200 soldados, incluindo tropas de elite, três helicópteros e tripulantes, no que reflecte o aumento da presença de Kremlin no continente”.

Há indicações de que entre esses homens poderão estar mercenários do Wagner, um grupo militar privado russo, que esteve envolvido nos conflitos da Ucrânia e Síria. Os Wagner são associados ao empresário Yevgeny Prigozhin, também conhecido como “cozinheiro de Putin”.

Reporta-se que os russos irão treinar os moçambicanos e ajudar no combate ao grupo que faz ataques em Cabo Delgado, o que é parte de um acordo de cooperação assinado pelos presidentes russo e moçambicano, este ano, em Moscovo.

Interesses na indústria extractiva.

Vladimir Putin e Filipe Nyusi comprometeram-se em Agosto a reforçar a cooperação nas áreas de segurança e energia.

A Rússia tem interesses na exploração de gás em Cabo Delgado e foi, nos tempos da União Soviética, um dos principais aliados de Moçambique em questões militares.

Esta recente movimentação russa enquadra-se nas acções que este país tem realizado para recuperar a sua influência em África, por via de acordos militares com detalhes publicamente desconhecidos e interesses na indústria extractiva.

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