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Cabo Delgado: Insurgentes decapitam uma pessoa no primeiro ataque a Ancuabe


Vendedores ambulantes em Ancuabe, Cabo Delgado, Moçambique
Vendedores ambulantes em Ancuabe, Cabo Delgado, Moçambique

O ataque, já reconhecido pelo Presidente Filipe Nyusi, forçou centenas de pessoas, muitas delas já deslocadas de outros distritos, a passarem a noite nas matas

Um grupo de insurgentes ligado ao Estado Islâmico decapitou uma pessoa e incendiou dezenas de habitações na aldeia Nanduli, no domingo, 5, no primeiro ataque ao distrito de Ancuabe, na província moçambicana de Cabo Delgado, onde se supõe tenham estabelecido uma nova base há um mês, disseram à VOA nesta segunda-feira, 6, várias fontes locais.

O Presidente Filipe Nyusi reconheceu o ataque.

O ataque a Ancuabe, que faz fronteira com a capital Pemba a Este, forçou centenas de pessoas, muitos delas já deslocadas de outros distritos, a passarem a noite nas matas.

O distrito de Ancuabe acolhe o maior número de deslocados dos ataques insurgentes depois de Metuge, na província.

“A minha família esta nas matas em Ancuabe”, disse à VOA ao confirmar o ataque, Ismael Sadik, um morador de Ancuabe, mas que neste momento se encontra na cidade de Pemba, afiançando que o ataque inicialmente tinha sido reportado como “boato”.

Outro morador afirmou que algumas famílias da aldeia Nanduli, que passaram a noite a caminhar, tinham chegado esta manhã no cruzamento da "Silva Macua”, cerca de 30 quilómetros do local do ataque. e que é o entroncamento entre a EN1, a principal estrada de Moçambique e a EN380, que liga a Macomia.

Um sobrevivente disse que o grupo entrou a disparar noutra parte da aldeia, onde ficava a sua casa, e chegou a deparar-se com os insurgentes enquanto fugia com parte da sua família.

“Eu vi eles dispararem enquanto fugia”, explicou outro morador de Ancuabe, com um tom trémulo e assustado.

Governo confirma

O Presidente moçambicano confirmou o incidente ocorrido no domingo no distrito de Ancuabe, o primeiro a atingir um distrito que acolhe deslocados desde a entrada em cena da força estrangeira que combate a insurgência.

“Ainda ontem (5) atacaram mais uma vez, e este ataque foi no distrito de Ancuabe”, disse Filipe Nyusi nesta segunda-feira, 6, em Maputo, durante um encontro virtual entre o também presidente da Frelimo, partido no poder, e o secretário-geral do partido comunista do Vietname.

Ainda segundo Nyusi, a Força de Defesa e Segurança moçambicana que chegou “muito depois” no local do ataque colocou em debandada os insurgentes.

População denuncia violação de direitos humanos em Cabo Delgado
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A Polícia da República de Moçambique (PRM) em Pemba voltou a reiterar nesta segunda-feira, 6, que o ataque de Ancuabe tratou-se de um “falso alarme”, e apelou a população a não se agitar.

Jasmine Opperman, especialista em análise de dados de conflitos armados e que segue o conflito em Cabo Delgado publicou hoje na sua página no Twitter, uma foto do Estado Islâmico, que diz se tratar da reivindicação de crédito do Estado IS-Moz pelo ataque a aldeia Nanduli, a 5 de Junho.

“A reivindicação de crédito refere-se a uma decapitação”, acrescenta Opperman, na publicação.

A insurreição, com inspiração radical islâmica, irrompeu em 2017, deixando pelo menos quatro mil mortos, segundo o Projecto de Dados sobre Eventos e Conflitos Armados (ACLED, nas siglas em inglês) e cerca de 850 mil desalojados.

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