Links de Acesso

Cabo Delgado: Dez pessoas decapitadas e outras raptadas numa série de ataques de insurgentes


Casa destruída em Mocímboa da Praia, pelo conflito insurgente em Cabo Delgado, Moçambique
Casa destruída em Mocímboa da Praia, pelo conflito insurgente em Cabo Delgado, Moçambique

Na semana passada, cerca de 50 homens, renderam-se e entregaram-se às autoridades militares

Um total de 10 pessoas foram decapitadas em três ataques a aldeias de Cabo Delgado e outras várias foram raptadas na sequência de uma série de ofensivas levadas a cabo por grupos terroristas ligados ao estado islâmico, contaram à VOA nesta terça-feira, 24, várias fontes locais.

Cabo Delgado: Dez pessoas decapitadas e outras raptadas numa série de ataques de insurgentes - 3:35
please wait

No media source currently available

0:00 0:03:34 0:00

Antes, a 20 de Maio, um ataque repentino à aldeia Nova Zambeze, no distrito de Macomia, provocou a morte por decapitação a duas pessoas e a destruição de várias habitações precárias, além do saque da pouca colheita da população que se mantinha no local, contou um morador, citando um parente que sobreviveu o ataque.

Este ataque ocorreu a cerca de 28 quilómetros de uma posição militar naquele distrito, segundo confirmou à VOA uma fonte conhecedora do incidente que pediu anonimato.

Já a 21 de Maio, noutro ataque, numa área agrícola da aldeia Nguida, onde a população se mantém refugiada, outras quatro pessoas foram decapitadas e várias outras - em número desconhecido – foram raptadas pelos insurgentes, contou um outro morador.

“Os insurgentes apareceram nas machambas, forçaram a colheita de algumas plantações e levaram as pessoas e as cargas, mas também degolaram (decapitar) quatro pessoas”, contou à VOA Zulficar Amade, um morador de Macomia.

A VOA tentou sem sucesso ouvir a Polícia em Pemba, que não respondeu ao nosso pedido de comentário.

Insurgentes rendem-se

Os novos incidentes ocorrem depois de na semana passada, fontes bem posicionadas terem garantido à VOA que um grande grupo de insurgentes, cerca de 50 homens, renderam-se e entregaram-se às autoridades militares.

Dois deles, que actuavam em Mucojo (Macomia) e Quissanga, entregaram-se no dia 19 de Maio numa base militar, entre algunas com armas.

No dia 18 passado, um grupo de 22 crianças, 12 mulheres e igual número de homens, que se presume serem insurgentes, apareceram em fila, com as mãos levantadas para o ar na vila de Muidumbe, alegando que fugiram de uma base terrorista.

Entretanto, outra fonte disse que um grupo de 12 insurgentes foi detido a 13 de Maio, quando tentava atravessar o rio Rovuma de canoas para a Tanzânia, tendo sido devolvido pela força tanzaniana ao distrito de Mueda.

Regresso a Muidumbe

As autoridades governamentais estimam que pelo menos 300 funcionários públicos, de diferentes sectores, incluindo educação e saúde, já regressaram ao distrito de Muidumbe, severamente destruído por ataques insurgentes.

O regresso seguro dos funcionários e da população ocorre na medida em que o avanço da força conjunta de Moçambique, Ruanda e da SADC permitiu um controlo maior sobre a área, que estava desabitada desde a invasão e a tomada da sede distrital em Abril de 2020 pelos insurgentes.

O secretário de Estado de Cabo Delgado, António Supeia, em entrevista à estatal Rádio Moçambique, garantiu que o Governo está a criar condições para o regresso seguro da população e a disponibilização de condições mínimas para serviços públicos.

Entretanto, várias infraestruturas públicas destruídas pelos terroristas ainda estão em escombros e continuam por reabilitar.

XS
SM
MD
LG