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Cabo Delgado: Aumenta insegurança em campos de deslocados após novos ataques em Ancuabe


Deslocados devido à insurgência em Anguabe, Cabo Delgado, Moçambique
Deslocados devido à insurgência em Anguabe, Cabo Delgado, Moçambique

Situação de insegurança deteriorou depois do grupo insurgente ter invadido uma aldeia vizinha, em Ancuabe, no sábado

Os recentes ataques em aldeias do distrito de Ancuabe, que acolhe milhares de deslocados da insurgência islâmica, aumentaram o clima de insegurança em bairros de reassentamento e campos de deslocados na província moçambicana de Cabo Delgado, disseram à VOA nesta segunda-feira, 13, vários deslocados.

“Não há segurança”, precisou à VOA um dos líderes de um campo de deslocados em Metuge, que pediu anonimato, afirmando que a situação de insegurança deteriorou-se mais depois do grupo insurgente ter invadido uma aldeia vizinha, em Ancuabe, e feito quatro mortos no sábado.

“Infelizmente, nesses dias estamos a passar mal. Desde sábado até hoje não dormimos devido à insegurança, porque nos chegam informações de ataques em aldeias próximas, assim não estamos a dormir nada”, lamentou.

Aquele responsável disse que o campo de deslocados não tem uma força de segurança e a população nativa, de várias aldeias próximas, passou a pernoitar nas matas, como forma de escapar qualquer incursão dos insurgentes.

“Estamos mal mesmo. Os naturais daqui de Impire, até do outro lado, estão a passar daqui a ir no mato dormir, nós não temos como ir para o mato, estamos aqui na aldeia e estamos a dizer ‘vamos dormir aqui mesmo na aldeia, aquele que for encontrado será morto, aquele que conseguir fugir, escapará e vale a pena isso, que ir dormir no mato”, anotou, aclarando ser um acto de desespero, por já não haver segurança em nenhum lado.

Outro responsável de um campo de deslocados, que falou na condição de anonimato por temer represálias, disse que a insegurança tem tirado sono aos deslocados acolhidos nos campos ou bairros de reassentamento, por não terem mais para onde fugir.

A fonte acrescentou que no ataque em Ntutupue a força de defesa e segurança evitou o pior, por ter conseguido alertar a tempo o plano de invasão da aldeia, o que permitiu a população a deixar a área com antecedência.

“Aquilo da população sair em Ntutupue, foi a própria tropa que alertou para os chefes daquela comunidade, e os chefes por sua vez alertaram o povo, foi a partir daí que quem tivesse onde ir começou a fugir, aquele que não tivesse ficou”, frisou aquele responsável do campo, insistindo que “as pessoas que já não têm para onde ir acabam decapitadas”.

Entretanto, a Polícia da República de Moçambique (PRM) em Pemba remarcou para terça-feira, 14, o habibual briefing semanal, concedido todas as segunda-feira, sem, contudo, avançar os motivos do adiamento.

Ataques e escolta

Refira-se que no domingo, 12, a Polícia activou uma escolta militar de viaturas na EN1, a principal estrada de Moçambique, no troço entre Metuge e Ancuabe, após uma ameaça de ataque de um grupo armado, que fez quatro mortos na invasão a uma aldeia junto a estrada no dia anterior.

A escolta foi desativada no início da noite, após serem tomadas as medidas de segurança, que permitiam uma livre circulação do troço, assegurou à VOA uma ligada ao assunto.

Ancuabe é o décimo distrito a ser afetado diretamente pela insurgência em Cabo Delgado.

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