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Cabo Delgado: Ministra garante empenho das forças, mas analistas alertam para novas frentes dos insurgentes


Arsénia Felicidade Félix Massingue, ministra do Interior de Moçambique
Arsénia Felicidade Félix Massingue, ministra do Interior de Moçambique

Arsénia Massingue visitou tropas da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) em Cabo Delgado

A ministra moçambicana do Interior, Arsénia Massingue, diz que apesar de ataques de desgaste dos jihadistas, as forças da missão da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) em Cabo Delgado, continuam motivadas e determinadas a combater o terrorismo naquela província.

No entanto, com as recentes investidas dos insurgentes, analistas alertam que ataques para abertura de novas frentes e desgaste vão continuar.

Massingue encontra-se em Cabo Delgado, onde já se reuniu com responsáveis da missão da SADC, que está a ajudar as tropas moçambicanas na luta contra o terrorismo.

"Nós encontrámos uma força motivada para trabalhar e preocupada em restabelecer a paz no nosso país, e nós encorajamos o seu trabalho", realçou a governante.

O analista político Raúl Domingos diz que o ataque da semana passada a Ancuabe tinha o propósito de desmoralizar as forças que lutam contra o terrorismo em Cabo Delgado.

Para aquele analista político, um combate efectivo ao terrorismo passa, fundamentalmente, pela eliminação da força interna que coopera com o jihadismo, realçando que "só conseguindo eliminar esta força, poderemos, eventualmente, acabar com uma grande parte das acções terroristas".

O antigo dirigente da Renamo acrescenta que "enquanto nós tivermos jovens moçambicanos que cooperam com o terrorismo internacional, vamos gerir este tipo de acções de surpresa, emboscadas, abertura de novas frentes, ataques de desgaste".

Por seu lado, o analista político Fernando Lima não acredita que tenha havido, pelo menos ao nível militar, o sentimento de que a situação em Cabo Delgado ia melhorar repentinamente, mesmo sob o ponto de vista estritamente operacional.

Ele refere ser isso o que está a acontecer " porque deixaram de acontecer os grandes ataques, nomeadamente, a ocupação de vilas e aldeias, mas continuam os ataques esporádicos em grupos mais pequenos, com objectivos muito específicos, manter uma campanha de terror junto das comunidades".

Lima afirma, por outro lado, que o facto de haver tropas internacionais em Moçambique, que auxiliaram o país a destruir as grandes bases e as grandes concentrações jihadistas, isso não impede que pequenos grupos de terroristas continuem a operar.

Face a isso, Raúl Domingos reitera a sua posição de que é necessário prestar atenção à força interna, sublinhando que "eu já ouvi várias vezes o Presidente da República, Filipe Nyusi, a falar de nomes de moçambicanos que estão no comando dos insurgentes, são pessoas conhecidas que abandonaram as suas casas e famílias para se juntarem aos terroristas".

Borges Namirre diz, por seu turno, que não ficou surpreendido com o recente ataque a Ancuabe, tendo em conta a natureza do conflito em Cabo Delgado, e sobretudo a forma como foi dada a resposta da intervenção da força estrangeira, que obrigou os insurgentes a se dispersarem.

"Parece que o objectivo foi afastar os terroristas da zona do gás, e para mim, não é, necessariamente, a resposta mais adequada, porque tendo sido afastados de Palma e Mocímboa da Praia, os terroristas tinham que se refugiar em algum sítio", conclui Namirre.

Ataques recentes apontam para novas frentes abertas pelos insurgentes em Cabo Delgado.

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