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Países do BRICS disputam a África com o ocidente, dizem os especialistas


Encontro dos ministros das finanças do BRICS em Durban na África do Sul
Encontro dos ministros das finanças do BRICS em Durban na África do Sul

A criação de um banco de desenvolvimento à semelhança do Banco Mundial é tida como uma ferramenta política internacional e de cobiça das potencialidades africanas

Os países membros do BRICS – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, estão reunidos em Durban na sua quinta cimeira anual. Este ano o tema do encontro é cooperação em África.

O comércio entre África e o grupo BRICS cresceu exponencialmente na última década a ponto de ser comparado como uma disputa pela África, tal como foi a colonização europeia no século XIX no continente.

No ano passado, a União Africana inaugurou um novo complexo de sua sede em Adis-Abeba na Etiópia. A obra foi financiada pela China e realizada basicamente com a mão-de-obra chinesa. Esse é um dos símbolos do aumento da influência de Pequim em África.

O investimento directo chinês no continente atingiu os 20 mil milhões de dólares no ano passado e a China controla dois-terços das trocas comerciais do BRICS em África. Esses factos preocupam Gilbert Mosena, secretário-geral da Câmara de Industria e Comércio da África do Sul.

“Normalmente, quando se faz trocas comerciais com os irmãos mais velhos, como a China, Rússia e outros, devemos nos proteger contra a situação de que a nossa economia pode ser dominada pela bem-estruturada e bem dominante economia desses países.”

O comércio entre a China e os seus parceiros africanos pesa bastante a favor da China, com importações de matérias-primas e exportações de produtos manufacturados. No início deste mês, o governador do Banco Central da Nigéria alertou para o risco de África abrir-se a uma nova forma de imperialismo.

Mas Simon Freemantle, um analista do Standard Bank na África do Sul, diz que o envolvimento do BRICS em África não pode ser comparado a colonização europeia do continente.

“Os países africanos têm abundancia de recursos. Temos um potencial agrícola do que ninguém no mundo. Portanto África estão numa boa posição e penso que a forma que negociamos precisa de ser pragmática e um pouco dura. Se vai ser uma relação neo-colonial, tudo vai depender dos países e governos africanos. E não devia, e não é necessário.”

Durante a sua visita a Tanzânia, o presidente chinês Xi Jinping insistiu na necessidade de “respeito a dignidade e independência de África.”

Lynette Chen é directora executiva do Conselho de Negócios do NEPAD, a agência de desenvolvimento da União Africana. Ela diz que que os chineses estão a tratar os seus parceiros africanos de igual para igual mais do que os países ocidentais. Ela adianta que tudo depende dos Africanos para tirarem os melhores de si nesta relação com Pequim.

“É um sintoma do passado colonial africano, e o problema é que as instituições da Bretton Woods têm investido em África com muitas condições. Penso que os governos africanos sentiram-se sem forças para fazer avançar as suas exigências. E não era uma forma tradicional. O que precisa ser redefinido são os termos do compromisso desses contratos. E penso que o governo chinês está mais a vontade em os aceitar.”

Em Durban os países do BRICS vão criar o seu banco de desenvolvimento que deverá ser o primeiro passo concreto de formalização de sua cooperação económica. Analistas afirmam que esta acção poderá lhes garantir mais influência na política internacional.
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