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Brasil: Violência atinge desproporcionalmente jovens negros


Polícia patrulhando uma favela
Polícia patrulhando uma favela

Os estados que compõem a região nordeste do Brasil lideram os casos de assassinatos com armas de fogo no país. Conforme o relatório 'Mapa da Violência' da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais, os jovens negros brasileiros morrem duas vezes mais do que os brancos nesse tipo de ocorrência.

Brasil: Violência atinge desproporcionalmente jovens negros
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O 'Mapa da Violência' revela que os jovens negros, com idade entre 15 e 29 anos, são as maiores vítimas. Só em 2014, 25.255 pessoas dessa faixa etária foram assassinadas a tiros. Nos últimos 12 anos no Brasil, o número de jovens brancos mortos caiu 26%. Já o de jovens negros aumentou 46,9%.

A pesquisa conclui que o governo brasileiro ainda não está preparado para combater esse tipo de crime. Esse levantamento tomou como base dados oficiais das secretarias de segurança nos estados.

O coordenador do estudo, o sociólogo Julio Jacobo, destaca o crescimento dos casos de homicídios com armas de fogo no nordeste brasileiro. Entre os cinco estados mais violentos do Brasil, quatro estão nessa região: Alagoas, Ceará, Sergipe e Rio Grande do Norte.

Em entrevista à Rádio CBN, Jacobo explicou que esses locais convivem desde 1990 com um fenômeno que recebeu o nome de "o novo cangaço". Grandes quadrilhas armadas espalham o terror nas pequenas cidades do interior, para roubarem bancos e outras grandes instituições, por exemplo.

“O quem está surgindo no nordeste é um fenômeno chamado ‘o novo cangaço’. Um grupo, uma família do interior de Pernambuco que tem um histórico de violência muito grande. Eles assaltam cidades inteiras, bancos, tomam de reféns famílias inteiras. Um novo modo de violência que vem causando um grande desgaste e novos complexos nesses locais”, disse.

Entre os 100 países analisados no ‘Mapa da Violência’, o Brasil ocupa a décima posição. São registrados atualmente 20,7 homicídios por arma de fogo para cada 100 mil habitantes.

O sociólogo Julio Jacobo destaca também que o Brasil tem hoje ‘dois massacres do Carandiru’ por dia. Episódio violento registrado em uma casa de detenção no Estado de São Paulo há 24 anos, que acabou com 111 detentos executados pela polícia em um confronto durante uma rebelião.

“Temos praticamente dois massacres do Carandiru por dia. Mais ou menos 150 pessoas são assassinadas diariamente no Brasil por armas de fogo”, ressaltou.

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