Um país dividido praticamente ao meio é o Brasil que a presidente Dilma Rousseff, do PT, reeleita neste domingo, 26, vai governar por mais quatro anos, levando o partido dela a completar 16 anos à frente do comando da nação de mais de 200 milhões de brasileiros.
Nas ruas do Brasil, hoje, os eleitores se dividem entre os felizes e os decepcionados com a reeleição da presidente petista, como Juliana Oliveira, 34, anos consultora comercial de eventos. "Triste e decepcionada com a população. Eu gostaria de saber onde estão aquelas pessoas que saíram para as ruas para protestar por mudança e um país melhor. Eu gostaria de saber qual é a justificativa dessas pessoas que votaram no PT para manter mais quatro anos de falência do Estado de recordes em corrupção", pergunta.
Do outro lado, dos que comemoram a vitória está a professora mineira. "Eu tenho 45 anos, sou professora e feliz dentro da sala de aula. Sou professora hoje graças à Dilma, ao programa Prouni (Programa Universidade para Todos), na melhor universidade do país. O povo que veio para as ruas é o mesmo povo que elegeu a presidente Dilma", afirma.
A divisão acirrada no país, entre o azul do PSDB e o vermelho do PT foi comprovada nas urnas. Dilma venceu com uma margem muito estreita. A candidata obteve 51,64 por cento dos votos, contra 48,36 por cento do adversário Aécio Neves, PSDB.
A disputa mais aguerrida desde 1989, quando o Brasil livre da ditadura militar voltou a eleger os seus governantes por voto directo, foi representada por uma queda de braço entre os eleitores da candidata que tem como grandes bandeiras programas sociais, como Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida, e os eleitores do candidato do PSDB, que representaria o rompimento com o Governo manchado por escândalos de corrupção e de perfil considerado assistencialista.
Para o cientista político Oswaldo Dehon, esse Brasil dividido pode, a partir de agora, transformar a polarização em algo positivo. "Isso pode qualificar o Governo da presidente Dilma Rousseff. Que essa polarização ocorra no intuito da cobrança da oposição, daqueles que foram os compromissos de campanha da presidente Dilma. Mas, todos nós esperamos que não haja radicalismo das posições. Que o crescimento da oposição no Senado, os problemas que ela vai enfrentar na Câmara Federal e as dificuldades nas ruas, tudo isso possa significar um fortalecimento da democracia brasileira", diz o cientista.
No discurso da vitória, Dilma Rousseff admitiu estar ciente do fortalecimento da oposição contra o seu Governo e pediu união a do país. "Conclamo sem excepção a todas as brasileiras e a todos os brasileiros para unirmos em favor do futuro de nossa pátria, de nosso país e de nosso povo. Em lugar de ampliar divergências, de criar um fosso, tenho forte esperança de que a energia mobilizadora tenha preparado um forte terreno para a construção de pontes", disse a presidente reeleita após a vitória de ontem.