A 20 dias das eleições presidenciais brasileiras, as sondagens mostram que o recente escândalo de corrupção envolvendo partidos políticos, em plena corrida eleitoral, não alterou a disputa que continua sendo travada, ponto a ponto, por duas mulheres.
As duas candidatas, a presidente Dilma Rousseff (PT), que disputa a reeleição, e Marina Silva (PSB) estão empatadas, de acordo com levantamentos.
As últimas sondagens dos grandes institutos de pesquisa brasileiros, como o Ibope e o Datafolha, apontam que em um segundo turno, cada vez mais certo no Brasil, Marina Silva (PSB) venceria Dilma Rousseff (PT) por uma diferença tão pequena que, pela margem de erros, as duas candidatas estão empatadas tecnicamente. Aécio Neves (PSDB) aparece em terceiro lugar.
As pesquisas anteriores mostravam Marina como a suposta vencedora em um segundo turno das presidenciais. Portanto, para muitos observadores, as sondagens mais recentes já podem estar sinalizando uma tendência de queda da candidata que entrou para a batalha pelo comando da nação, depois da morte trágica do presidenciável de quem era vice, Eduardo Campos. No entanto, um possível declínio da rival de Dilma Rousseff só poderá ser configurado, a partir das pesquisas que estão por vir nos próximos dias.
Corrupção dentro da estatal Petrobrás não afectou a disputa
Mas, há uma análise que já parece certa para estudiosos do Brasil. Pelas últimas avaliações, as denúncias da existência de um grande esquema de corrupção dentro da estatal Petrobrás não afetou a disputa. Apesar de tudo ter supostamente ocorrido sob os olhos do governo Dilma Rousseff e envolver muitos políticos do PT e da base aliada da mandatária, o escândalo revelado pela revista Veja não retirou votos da petista.
Para analistas políticos, isso ocorre porque as denúncias de corrupção já são uma constante na corrida eleitoral brasileira, sobretudo na recta final. Para o cientista político Oswaldo Deon, o eleitor brasileiro "já observa esse tipo de escândalo com um certo receio de que eles sejam jogadas políticas".
"Tendo o vista o tempo pequeno que há para o primeiro turno, muitos vão tentar se valer de várias outras denúncias que aparecem sempre às vésperas das eleições. Como os eleitores percebem isso é uma coisa que precisamos analisar um pouco melhor. Porque, afinal de contas, várias denúncias já foram feitas durante toda essa campanha. É bom lembrar que não apenas contra a presidente Dilma, mas contra outros candidatos", afirma.
"A impressão que se tem é que os eleitores têm certa desconfiança, porque sabem das movimentações que os partidos e suas campanhas fazem na época das eleições," analisa Deon.
Denúncias fragéis perdem credibilidade
O cientista político Malco Camargo concorda que esse tipo de denúncia não tem feito diferença no processo eleitoral brasileiro.
"Ela é útil para reforçar os argumentos daqueles que já não votam naqueles candidatos ou partidos citados nas denúncias. Porque as denúncias, nesse momento, são vistas como oportunistas, uma virada de mesa. O eleitor está tendo informação, não pelas vias legais da justiça e sim por meio de vazamentos através da imprensa, por fontes não declaradas. Isso torna as denúncias muito frágeis para fazer o eleitor mudar de convicção, " acredita Camargos.
Para o analista, isso não significa que o brasileiro não se importe com a corrupção. "Significa que o eleitor não muda a sua concepção pelo o que não é provado pela justiça. Não pune denúncias. É importante que elas cheguem ao fim, que os órgãos competentes apurem e, juntos com os órgãos os eleitor também fará o seu juízo, " conclui.
As eleições para presidente, senadores, governadores de estados e deputados federais e estaduais serão realizadas no Brasil no dia 5 de Outubro.