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Bissau: Nove candidatos na corrida presidencial


Kumba Yala, volta a candidatar-se. (AP Photo/Fid Thompson)
Kumba Yala, volta a candidatar-se. (AP Photo/Fid Thompson)

Os seus perfis e percursos políticos são diferentes, tanto assim que as suas ideologias não são iguais

A campanha eleitoral na Guiné-Bissau termina já depois de amanhã e os guineenses vão as urnas no domingo naquelas que são as segundas eleições presidenciais antecipadas, para as quais se contam nove candidatos. São eles que constam do boletim de voto. Um deles vai ser presidente da Guiné-Bissau.

Os seus perfis e percursos políticos são diferentes, tanto assim que as suas ideologias não são iguais. E justamente para deixar claro quem são, a Voz de América, numa visão descritiva sobre os candidatos, avança aqui o trajecto destes homens que ambicionam assumir a Presidência da Guiné-Bissau.

Comecemos pois com o estreante candidato Vicente Fernandes, que se apresenta em nome da Coligação Aliança Democrática. É advogado, formado em Portugal, bom orador e liberal nas suas convicções. Esteve activo em legislativas de 2004, na então Plataforma Unida.

Enquanto que Kumba Yala, um dos políticos mais evidentes porque já foi presidente da República, afastado por um Golpe Militar, em 2003, é formado em Filosofia pela Faculdade de Letras na Universidade Clássica de Lisboa, tendo-se licenciado, mais tarde, em Direito em Bissau. É fundador e líder do PRS, a maior formação política da oposição. Muito crítico, enverga uma interpretação clara sobre aquilo que devem ser os valores da sociedade e tem um profundo conhecimento quanto à multiplicidade étnica da Guiné-Bissau.

De Kumba Yala para Henrique Pereira Rosa, empresário, que, pela segunda vez, se candidata a presidência da República. Foi presidente interino. Católico convicto é membro de várias instituições e organizações de caridade. Foi director executivo da Comissão Nacional de Eleições (CNE) nas primeiras eleições presidenciais e legislativas realizadas na Guiné-Bissau, em 1994. Presidente do Conselho da Aliança para a Refundação da Governação em África, em 2006. É um homem muito prudente, com uma personalidade que se reveste de ponderação e tolerância.

Prudente também na sua forma de actuação é o candidato independente Serifo Nhamado, do PAIGC, cuja carreira política se firmou neste partido no poder. Ocupou várias funções cimeiras na Administração do Estado. Até aqui, vice-presidente da Assembleia Nacional Popular. Uma personalidade de equilíbrio, disciplinada politicamente e assim determina as suas actuações na convicção e defesa das suas causas e seus objectivos. É primeira vez que concorre à presidência da República.

Mas, este não é o caso de Serifo Balde, um político jovem que, pela segunda vez, se apresenta como candidato. Fundou e lidera o Partido Democrata Socialista para Salvação Guineense. Inspira os seus ideais na juventude e assenta a sua política na preservação da moral pública. Neste momento, a sua mensagem concorda na manutenção da paz. Paz que também representa o slogan de Carlos Gomes Júnior, candidato do PAIGC, partido do qual é presidente. Empresário e em consequência, sócio de instituições bancária e do sector de combustível, além de representar alguns interesses empresariais no país. Foi primeiro-ministro por duas vezes. Em 2004 e agora. Gomes Júnior enverga o rigor na gestão e é muito determinado nos seus objectivos. Representa o adversário político comum de momento.

E um destes adversários é, claro, o candidato independente Luís Nancassa, docente e, por sinal, presidente do Sindicato Nacional dos Professores, que experimenta a corrida pela segunda vez. Foi ele quem decretou a primeira greve no sector do ensino no país, isto depois da liberalização política, porque foi quem criou esta organização sindical, em meados dos anos 90. Luís Nancassa é defensor das causas sociais, sempre o defendeu. É de uma convivência muito desinteressada, isto devendo a sua evidente humildade.

De Luís Nancassa, docente, para Afonso Te, coronel na reserva, apoiado pelo Partido Republicano para Independência e Desenvolvimento. Este homem chegou a exercer as funções do vice-chefe de Estado-maior General das Forças Armadas, uma nomeação tida como uma das causas imediatas da guerra de 7 de Junho de 1998. Afonso Té era dos mais destacados intelectuais nas Forcas Armadas guineenses. E agora está na política com uma surpreendente presença como candidato à presidência da República e dirigente do partido que o apoia. Corajoso, Té apresenta uma visão de campo bem estruturada, apostando não só na paz ou estabilidade, como também na capitalização das riquezas naturais de que o país dispõe, sobretudo, o sector de agricultura.

A estas eleições concorre o outro estreante, independente e convicto: Baciro Baciro. Licenciado em psicologia pela Universidade de Havana, em Cuba, Dja é o actual ministro da Defesa, tendo sido coordenador do comité de coordenação do Sector da Defesa e Segurança ligada à reforma neste sector. Pode dizer-se que envereda pela promoção e aplicação do saber. Daí que a sua candidatura assente na dinâmica da juventude. Tem um olhar determinado sobre as Forças Armadas. Um pouco impulsivo, Baciro Dja, reverte a sua política no socialismo democrático.

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