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Ataques destroem economia de Cabo Delgado


Palma, Cabo Delgado, Moçambique
Palma, Cabo Delgado, Moçambique

Especialistas alertam que investimento da Total ainda não tem impacto na economia, mas as pequenas e médias empresas estão a sofrer

O real impacto do ataque de Março passado à vila de Palma, na economia moçambicana em geral e na província de Cabo Delgado em particular, só será perfeitamente perceptível daqui a seis meses ou mesmo dois anos, embora o empresariado local enfrente já uma situação dramática, dizem especialistas.

Neste momento, praticamente todas as pequenas e médias empresas de Cabo Delgado, que suportam a economia real da província, ressentem-se dos efeitos do ataque de 24 de Março àquele que é o berço do projecto de exploração de gás natural.

O presidente do Conselho Empresarial daquela província, Gulamo Abubacar, diz que os agentes económicos estavam a tentar reerguer-se, depois dos ataques a Mocímboa da Praia, Macomia, Quissanga e Muidumbe, "e o ataque à vila de Palma constitui um verdadeiro revés a esses esforços de recuperação".

"Neste momento, não temos como nos movimentar, as vias de acesso estão todas fechadas, camiões que transportavam material de construção para Afungi, já não o fazem", lamenta Gulamo Abubacar.

Por seu turno, o empresário Assifo Ossumane, afirma que "a situação do empresariado de Cabo Delgado depois do ataque a Palma é catastrófica e há pessoas que perderam o pouco que tinham acumulado ao longo da vida".

Governo assume gravidade da situação

O Governo provincial de Cabo Delgado assume que o impacto dos ataques armados é dramático, realçando que o processo de industrialização da província "está severamente afectado, porque há um retardamento de investimentos estruturantes, como por exemplo, a nova fábrica de cimentos".

"Isto é o que sente o empresariado local neste momento, mas qual será o impacto do ataque a Palma para o país daqui a seis meses ou mesmo dois anos", interroga-se o empresário Assifo Ossumane.

Na opinião dele, o impacto real desse ataque "ainda não é perfeitamente perceptível porque há muitas variáveis envolvidas, o gás é um recurso com muito valor, mas só vale a pena explorá-lo se esse valor se repercutir na qualidade de vida dos moçambicanos".

"Se esse impacto não existir, se se tratar apenas de colectar impostos, eu não sei se vale a pena explorar o recurso, e perante esta situação em que os trabalhos da Total estão interrompidos, havendo rumores de que a companhia vai para a Tanzania ou Ruanda, se isso for verdade, é necessariamente mau?", interroga-se ainda Assifo Ossumane.

Mas o problema não são apenas os ataques armados, porque, neste momento, o conteúdo local nos projectos de petróleo e gás em Moçambique é mínimo, à excepção, talvez, de dezena e meia de empresas que beneficiam disso.

Para Ossumane, o conteúdo local é mínimo porque não permite que haja maximização dos benefícios sobre a população moçambicana e dá como exemplo o facto de ser uma empresa estrangeira que fornece comida aos trabalhadores do acampamento da Total em Afungi, quando este tipo de actividades devia estar a cargo de nacionais.

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