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Nigéria: Governo anuncia um controverso plano de construção de central nuclear


Aspecto exterior de uma central nuclear em França. Dado o seu alto risco as unidades nucleares são muito sensíveis em termos de segurança
Aspecto exterior de uma central nuclear em França. Dado o seu alto risco as unidades nucleares são muito sensíveis em termos de segurança

O projecto de Abuja fará do país a segunda potencia económica e nuclear no continente africano, depois da África do Sul

Na Nigéria, o anuncio pelo governo da construção da sua primeira central nuclear está a levantar preocupações de que o país está a dar um grande e perigoso passo para fazer face a crise energética.

O anuncio do governo nigeriano feito na passada Quinta-feira, coincidiu com o do governo sul-africano no mesmo dia sobre a construção de mais centrais nucleares.

Depois de 30 anos de crise de electricidade num país em constante crescimento económico, os dirigentes nigerianos afirmam ter a solução para o problema: energia nuclear.

O presidente nigeriano Goodluck Jonathan reestruturou na passada Quinta-feira a Comissão de Energia Atómica, que terá perdido o ímpeto logo a seguir ao terramoto no Japão que abalou a confiança no domínio da energia nuclear. A Comissão tem agora como tarefa projectar o que poderá ser a primeira central nuclear da Nigéria, o segundo maior país em peso económico da Africa sub-sahariana.

Coincidência ou não, no mesmo dia o ministro de energia da África do Sul, a maior potencia económica do continente, anunciava que o seu país iria arrecadar dezenas de biliões de dólares com a construção de novas centrais nucleares.

Até hoje a África do Sul, é o único país detentor de centrais nucleares, mas os engenheiros nucleares afirmam que até ao final da presente década o continente africano poderá conhecer implantações sem precedentes de centrais nucleares noutros países através de empresas especializadas que tentarão trazer resposta a crise eléctrica no continente.

Os anúncios da Nigéria e da África do Sul, surgem seis meses depois de um terramoto no Japão ter posto em evidência os riscos da indústria nuclear através de danos provocados na central nuclear de Fukushima, em que cinzas e detritos radioactivos foram lançados ao ar e no mar.

Abubakar Sambo director geral da Comissão de Energia Nuclear da Nigéria diz estar a par dos riscos do programa nuclear que podem acabar em catástrofes. Mas considera que o país não tem outra escolha se quiser resolver a persistente crise de electricidade.

“O caso da Nigéria é muito patético. Temos um país de cerca de 150 milhões de habitantes. Mas a electricidade disponível é apenas de cerca de 3500 megawatts. É por esta razão que qualquer meio ou fonte de energia deve ser encontrada para satisfazer a necessidade do povo, e vai ser por isso.”

Muna Lakhani, o coordenador da ONG ambientalista Earthlife África, na cidade sul-africana do Cabo, disse que esperava que um país como a Nigéria pudesse optar por energias renováveis.

“Sinceramente, não vejo a lógica. No fundo não restam dúvidas de que é absolutamente certo que a electricidade é a componente chave para o desenvolvimento em África, mas não existem razões para que se esteja a seguir a via nuclear. Também tornou-se mas claro do que nunca sobre as fontes alternativas e sustentáveis de energia como a eólica e solar.”

Muna Lakhani acrescentou que o continente africano é rico em luz solar, rios e vento, fontes de energia que as companhias estrangeiras particularmente chinesas tornaram-se em especialistas no seu aproveitamento.

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