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Dez anos do 11 Set: As teorias de conspiração


O Pentágono depois do impacto do avião da "American Airlines", voo 77, às 9.45 da manhã de 11 de Setembro 2001
O Pentágono depois do impacto do avião da "American Airlines", voo 77, às 9.45 da manhã de 11 de Setembro 2001

os EUA perderam grande parte da boa vontade ao irem para a guerra no Iraque, um país que a maioria está em crer que não esteve envolvido nos ataques

Questões que persistem

Uma década depois de câmaras terem gravado aviões de passageiros desviados por piratas aéreos embatendo contra arranha-céus em Nova Iorque e contra o Pentágono persistem - um pouco por todo o mundo - teorias de conspiração sobre quem terá estado por detrás dos ataques terroristas. E algumas dessas teorias põem em dúvida se a organização terrorista Al Qaida terá, de facto, estado por detrás dos ataques do 11 de Setembro.

Os EUA e a maioria dos governos de todo o mundo desde sempre responsabilizaram a Al Qaida pelos acontecimentos do 11 de Setembro. Mesmo Osama Bin Laden, o líder da Al-Qaida, admitiu responsabilidade pelos ataques.

Mas, durante a última década, algumas pessoas argumentaram contra esta explicação. De facto, se escrever 9-11 num motor de busca da internet, uma das cinco primeiras escolhas que aparecem é sobre as “conspiração do 11 de Setembro”.

E, algumas das mais bizarras teorias de conspiração vão ao ponto de acusar os EUA de se ter atacado a si próprio ou especulando que Israel terá levado a cabo os ataques, num conspiração para desacreditar os muçulmanos.

Em 2008, investigadores que participaram no Programa sobre Atitudes de Política Internacional (o PIPA) entrevistaram pessoas em 21 países perguntando-lhes quem teria estado por detrás dos ataques do 9 de Setembro.

O director do PIPA, Stephen Kull, afirma que os resultados da sondagem foram surpreendentes. Disse ele: “Cerca de metade disseram qualquer coisa como a Al Qaida. E, mesmo país como os nossos aliados da NATO, a maioria não foi muito grande, não chegando a atingir os dois terços. Por isso, o que temos é uma falta de consenso no mundo”.

Kull afirma ainda que os investigadores relacionaram os resultados da sondagem com a atitude das pessoas em relação aos EUA. E aqueles com uma opinião mais negativa mostraram-se menos inclinados a acreditar que a Al Qaida tenha levado a cabo os ataques.

Graeme Bannerman, ex-membro da Comissão de Relações Externas do Senado, disse acreditar que os resultados do estudo teriam sido diferentes imediatamente depois do 9 de Setembro.

Bannerman diz que grande parte do mundo apoiou os EUA, mas os EUA perderam grande parte daquela boa vontade ao ir para a guerra no Iraque, um país que a maioria está em crer que não esteve envolvido nos ataques do 11 de Setembro.

Na sequência da guerra no Iraque, no mundo islâmico, aumentaram as atitudes negativas em relação à América. Em 2008, uma sondagem revelava que a maioria das pessoas entrevistadas no Médio Oriente dizia que a Al-Qaida não era responsável pelo 11 de Setembro ou então diziam não saber quem seria responsável.

Uma sondagem efectuada, este ano, pela Pew Research Center chegou à conclusão que uma maioria de muçulmanos ainda não acredita que os árabes sejam responsáveis.

Ishtiaq Ahmad é um perito em relações internacionais. Diz ele que as atitudes negativas em relação à América no mundo muçulmano não resultam apenas da política externa dos EUA. Ahmad afirma que as elites dominantes, especialmente no Paquistão, encorajaram estas atitudes negativas, menosprezando a ajuda americana e responsabilizando a América e o Ocidente pelos fracassos da sua política interna.

Afirmou Ahmad: “Basicamente, há uma grande raiva contra os governantes e estes, por seu lado, encontram formas de canalizar esse descontentamento contra as grandes potências, como, por exemplo, os EUA”

Mas, Ahmad afirma ser possível melhorar a situação, sublinhando que a retirada dos EUA do Afeganistão e uma atitude mais discreta em outras regiões muçulmanas, isso combinado com o aumento do comércio e da ajuda, podem começar a mudar atitudes em relação a Washington, apaziguando muitas das teorias da conspiração postas a circular.

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