Governo da África do Sul retoma negociações com grevistas
Governo pressionado pelo impacto da paralisação que entrou na terceira semana.
A greve da função pública na África do Sul entrou na terceira semana e o seu impacto levou ao reatamento de conversações entre o governo e os sindicatos da função pública.
O presidente Jacob Zuma convocou os seus ministros para uma reunião urgente ontem à noite e ordenou-lhes que retomassem as negociações.
Zizi Kodwa, porta-voz presidencial disse que para Zuma as coisas são claras: a greve não pode continuar.
“Vamos colocar os interesses do país em primeiro lugar, e os do povo também. Não podemos permitir que morram bebés nos hospitais por causa das nossas divergências. Não podemos permitir perturbações nas escolas por causa do nosso interesse sectário”, declarou Kodwa.
O presidente Zuma foi muito criticado por ter realizado uma visita oficial de seis dias à China, durante a greve. E tem sido muito criticado pelos sindicatos, aliados tradicionais do seu partido, o Congresso Nacional Africano.
A greve afecta todos os serviços públicos no país, mas sente-se com a maior gravidade nas escolas e nos hospitais. Apesar de o pessoal de enfermagem estar proibido de fazer greve, na verdade paralisaram e obrigaram o governo a colocar 3.500 médicos e paramédicos, nos 57 hospitais públicos.
Em alguns casos os doentes foram rejeitados pelos hospitais, impedidos de entrar ou simplesmente abandonados. Doentes infectados com o vírus da SIDA viram os seus tratamentos ser interrompidos – um problema grave que pode levar ao fracasso da terapêutica.
As escolas estão encerradas o que leva alunos e encarregados de educação a recear que seja preciso repetir o ano.
Os economistas advertem que, a longo prazo, também há sérias consequências. E dão um exemplo: deve demorar cerca de três anos, para os trabalhadores em greve – cerca de um milhão – recuperarem os rendimentos perdidos; e isso terá impacto económico devido a uma quebra do consumo.
Isto por seu turno vai desacelerar a recuperação económica da África do Sul, que estava a começar a sair da recessão. E esse abrandamento quer dizer que serão criados menos empregos, numa altura em que a taxa de desemprego atinge os 25 por cento.
Os funcionários públicos querem aumentos salariais de 8,9% (o governo oferece 7%) e um subsídio de habitação de 133 dólares, contra os 93 oferecidos pelo governo.