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Christine Lagarde a caminho do FMI


Lagarde no mundo masculino das finanças. "Não é bom haver muita testesterona numa sala onde se tomam decisões financeiras," disse ela uma vez
Lagarde no mundo masculino das finanças. "Não é bom haver muita testesterona numa sala onde se tomam decisões financeiras," disse ela uma vez

Lagarde manterá tradição de ser um europeu a comandar a organização

Christine Lagarde, ministra das finanças, da França deverá ser nomeada como directora do Fundo Monetário Internacional.

Este é o consenso de analistas que fazem notar que apesar dos países emergentes insistirem que chegou a altura de se acabar com o monopólio europeu nesse cargo as possibilidades disso acontecer são de momento poucas.

Com efeito a demissão de Dominique Strauss Khan de director do Fundo Monetário Internacional trouxe de novo para a ribalta a representação ou falta dela das de países de economias emergentes nas instituições internacionais.

Criado em 1944 o Fundo Monetário Internacional tem como objectivo assegurar a estabilidade do sistema monetário internacional, nomeadamente o sistema cambial e de pagamentos internacionais. Isso é considerado essencial para se promover o crescimento económico sustentável e para se evitar uma grande depressão como aquela registada nos anos de 1930.

Por consenso e reflectindo o equilíbrio de forças existente quando a segunda guerra mundial chegava ao fim o director do FMI tem sido um europeu e a França tem sido o país que tem dominado as nomeações para esse cargo.

Dez directores do fundo foram até agora franceses e têm sido franceses quem tem dirigido o FMI em 25 dos últimos 38 anos.

O fundo tem actualmente 187 países membros com direito de voto proporcional ao seu peso económico.

Os países europeus concordaram já na figura da ministra francesa das finanças Christine Lagarde como a sua candidata.

Para Thomas Klau, do Conselho Europeu para as Relações Externas, os Estados Unidos são agora a chave para a sua eleição.

Se os americanos indicarem que estão satisfeitos com uma candidatura europeia e com a candidatura de Lagarde isso significará a sua nomeação, disse Klau.

José Gomes Ferreira analista económico e sub-director de informação da cadeia de televisão portuguesa SIC diz que é preciso ter em conta que os europeus e os Estados Unidos em conjunto continuam a ter a maioria dos votos no FMI e Lagarde deverá ser nomeada pois ela reflecte também uma mudança de visão dos problemas económicos e financeiros no do mundo
José Gomes Ferreira é também de opinião que é inevitável que se venha a dar um maior peso aos países de economias emergentes cujo peso e importância económica, diz ele, não está reflectido ainda nas instituições internacionais.

A realidade para já contudo é que é os países europeus e os estados unidos e canada quem tem a maioria dos votos no FMI.

Gomes Ferreira concordou que o posto de director do FMI não é um posto meramente económico e que requer tacto e capacidades políticas.

E Christine Lagarde, todos concordam, tem essa sensibilidade política, sendo uma mulher que foi educada em parte nos Estados Unidos onde também trabalhou e está habituada á política europeia e as suas relações com o resto do mundo.

Ao fim e ao cabo foi ela que disse que na Europa quando se negoceia questões económicas e financeira tem que se chegar a uma solução que á uma receita de massa italiana, salsichas alemãs e vinho francês, indicando assim claramente estar habituada e negociar politicamente questões económicas e financeiras.

José Gomes Ferreira sublinha no entanto que grandes mudanças económicas estão em a decorrer e que a médio ou longo prazo o peso das economias emergentes será inevitável.

Contudo um problema para os países emergentes é que continuam a não ser um bloco unido. Embora muitos deles tenham falado na necessidade do posto de director do FMI ser atribuído a um país de economia emergente esses mesmos países não apresentaram um candidato único.

Isso, disse o analista português, deve se a diferentes interesses políticos e económicos desses países.

Ouça o nosso programa Temas e Debates em que discutimos esta questão

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