O conflito em lume brando entre o Sudão e o Sudão do Sul ainda não escalou para uma guerra total, mas ameaça aprofundar a crise humanitária que já levou a fome e a miséria a centenas de milhares de pessoas ao longo da fronteira entre os dois países, de acordo com funcionários americanos que testemunharam quinta-feira no Congresso.
Pode uma guerra devastadora ser evitada entre o Sudão e o Sudão do Sul? Esta foi a principal questão colocada por membros do Comité para os Assuntos Estrangeiros da Câmara dos Representantes.
A esperança e optimismo que prevaleceram no ano passado, quando o Sudão do Sul se tornou no mais jovem país do mundo, deram lugar a uma forte disputa económica sobre petróleo, bombardeamentos aéreos, escaramuças fronteiriças e acusações e contra-acusações entre Juba e Cartum.
O enviado especial dos Estados Unidos, Princeton Lyman, disse que a situação, embora terrível, não é ainda uma guerra plena. Sublinhou a necessidade de um recomeço de negociações, afirmando que os dois países têm muito com que discutir. Mas Lyman disse ao comité que a tarefa está complicada por um conflito rebelde nas regiões mais meridionais do Sudão que tem deslocado muitos civis e cortado o seu acesso a alimentos:
“A situação no Kordofan do Sul e no Nilo Azul – não haverá segurança na fronteira até que a situação seja resolvida. Trata-se de um problema político; e também um tremendo problema humanitário. E temos vindo desde o ano passado a levantar o assunto de uma indistinta crise humanitária nessas áreas.”
O enviado especial Lyman disse que cabe aos presidentes do Sudão e do Sudão do Sul resolver as suas diferenças e a forjar uma coexistência pacífica. Essa tarefa deve ser ajudada por aquilo que vê como uma cada vez mais unificada comunidade internacional a pressionar os dois países para fazerem progressos na mesa de negociações.
Lyman disse esperar que os dois países comecem a endereçar as preocupações fronteiriças nas próximas semanas e que os líderes eventualmente irão realizar uma cimeira para discutirem grandes assuntos como a produção de petróleo.
A União Africana ameaçou impor regulamentos restritos ao Sudão e Sudão do Sul se os dois países falharem em alcançar acordos entre si.