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ACNUR preocupado com a situação na Costa do Marfim


Alto-comissario para os Refugiados, Antonio Guterres
Alto-comissario para os Refugiados, Antonio Guterres

O Alto-comissário das Nações Unidas para Refugiados, António Guterres, adverte que o conflito na Costa do Marfim poderá afectar a Libéria e ter um efeito desestabilizador em toda a África Ocidental. Guterres acaba de retornar de uma série de missões, incluindo uma na fronteira entre os dois países.

O Alto-comissário das Nações Unidas para Refugiados, António Guterres, advertiu que o conflito na Costa do Marfim poderá afectar a Libéria e ter um efeito desestabilizador em toda a África Ocidental. Guterres acaba de retornar de uma série de missões, incluindo uma na fronteira entre os dois países.

António Guterres descreveu a Costa do Marfim como uma das mais dramáticas crises de desalojamentos do mundo. Até o momento, o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) registou mais de 120 mil refugiados marfinenses na Libéria, além de outros milhares no Gana, Togo e Guiné-Conakry.

Segundo Guterres, o conflito desalojou entre 750 mil e um milhão de pessoas dentro da Costa do Marfim. Além disso, milhares de pessoas estariam desamparadas na capital comercial do país, Abidjan. Enquanto isso, forças leais aos políticos rivais, Laurent Gbagbo e Alassane Ouattara, enfrentam-se numa batalha brutal pela presidência do país.·

António Guterres diz-se muito preocupado com a transição de sucesso da Libéria para a democracia que, depois de anos de conflito, pode ser arruinada pela guerra civil no país vizinho. “É absolutamente essencial apoiar a Libéria para evitar qualquer tipo de desestabilização que a situação na Costa do Marfim possa ter sobre o, até agora muito bem sucedido, processo de construção da paz e da democracia”, declarou.·


O chefe do ACNUR revela ainda preocupações em relação a um possível alastramento do conflito. “Esperamos que este não seja o caso e desejamos também que o conflito chegue rapidamente ao fim, de modo que este tipo de efeito seja contido. O prolongamento deste conflito na Costa do Marfim pode ter efeito desestabilizante maior em toda a África Ocidental”, completou.·


Guterres menciona um outro problema ainda maior, afirmando que o conflito político na Costa do Marfim gerou novas tensões étnicas que foram realçadas nas batalhas que tiveram lugar no oeste, antes de as forças de Ouattara se moverem para Abidjan.·
“Todos ouviram que os massacres em Duékoué podem causar uma tensão étnica interna. Isso, claro, irá durar mais que o conflito e esta é uma fonte de conflitos muito importante”, finalizou.·
O Comité Internacional da Cruz Vermelha informa que mais de 800 pessoas foram mortas num único dia, próximo a uma igreja, na cidade de Duékoué. Acredita-se que os agressores sejam apoiantes de Alassane Ouattara.

Guterres revela que há cerca de três milhões de trabalhadores estrangeiros na Costa do Marfim, a grande maioria proveniente do Burkina Faso. Entretanto, muitos desses chamados imigrantes nasceram na Costa do Marfim. E apesar de as famílias deles viverem no país há gerações, a cidadania foi-lhes negada. O Alto- comissário das Nações Unidas para Refugiados, António Guterres, diz acreditar que a questão da cidadania poderá causar problemas no futuro, como já aconteceu no passado.

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