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Zimbabué: Activistas condenados por verem televisão


Polícia anti-motim zimbabueana numa operação de controlo de manifestantes, Novembro 2011
Polícia anti-motim zimbabueana numa operação de controlo de manifestantes, Novembro 2011

Seis activistas políticos correm risco de prisão perpétua por assistirem com 40 outras pessoas reportagens da revolução do Egipto

No Zimbabué, um tribunal acusou seis activistas de conspirarem a favor da violência pública.

Os seis réus foram presos em Fevereiro do ano passado quando assistiam na televisão as reportagens da revolta popular que derrubou o então presidente egípcio Hosni Mubarak.

Sebastian Mhofu da VOA em Harare diz que os procuradores acusam ontem os jovens de quererem incitar os zimbabueanos a exigir a demissão do presidente Robert Mugabe.

Os seis acusados foram presos em Fevereiro de 2011 na companhia de 40 outros zimbabueanos quando assistiam a cobertura televisiva da revolução egípcia. As 40 outras pessoas detidas na ocasião acabaram por ser libertadas mais tarde. Os seis activistas devem agora esperar pela sentença que deverá ser conhecida o mais tardar ainda esta semana.

Inicialmente acusados de traição passível de pena capital, os réus viram as acusações convertidas em conspiração susceptível a uma condenação de pena de prisão de perpétua.

Alec Muchadehama é advogado dos seis activistas.

“Estou muito desapontado que eles tenham sido considerados culpados.”

O advogado não quis avançar mais detalhes, e limitou-se a dizer que só comentaria no momento que o tribunal abandonar as acusações. Mas os seus constituintes, que têm negado as acusações não poupam palavras. À saída do tribunal, os seis afirmaram que iriam lutar contra a decisão.

Edisson Chakuma é um deles.

“É uma decisão política. Esperamos que talvez o Supremo Tribunal faça um julgamento imparcial.”

Tafadzwua Choto é outro dos réus.

“A luta continua. Estamos juntos. Precisamos da vossa ajuda.”

E Munyaradzi Gwisai diz não estar surpreso.

“Não é uma surpresa. Não estamos desencorajados… nem intimidados. É uma amostra do que acontece por toda a África e pelo mundo fora. A luta continua.”

A detenção no ano passado dos activistas, despoletou a condenação da comunidade internacional, quando os acusados compareceram no tribunal com sinais de maus tratos, e de terem confirmado terem sido torturados pela polícia. Os mesmos estão a processar o Estado exigindo 300 mil dólares cada, de compensação pelos danos físicos e morais.

Apoiantes dos seis réus não puderam esconder a desaprovação em relação a acusação.

Raymond Manjogwe é um sindicalista.

“O que está a acontecer aqui não é nada que um julgamento político. Não é nada que uma negação de justiça.”

Um estudante que recusou em indicar o seu nome mostrou-se incrédulo com a decisão.

“Se assistir um vídeo é um crime, então toda gente que tem uma TV deve ser presa porque está a assistir o que se está a passar no Bahrein, na Síria… É um caso claro de negação de justiça.”

No Zimbabué, os direitos humanos continuam a ser uma questão candente. A lei da era colonial e ainda em vigor considera de ilegal a reunião para debater a política sem a aprovação da polícia. Responsáveis do partido Movimento para Mudanças Democráticas acusaram as forças de segurança pro-presidente Robert Mugabe de assediar os seus parlamentares desmantelar os comícios do partido.

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