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Antigo ministro brasileiro acusado de interceder a favor de empresa com interesses em Angola


António Palocci, antigo ministro brasileiro
António Palocci, antigo ministro brasileiro

António Palocci foi detido hoje e viu milhões de dólares bloqueados na sua conta.

O antigo ministro dos governos Lula da Silva e Dilma Rousseff, António Palocci, detido nesta segunda-feira, 26, em mais uma fase da operação Lava Jato é acusado de ter intermediado a favor da construtora Odebretch um pedido para aumentar as suas linhas de crédito junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social (BNDES) destinados aos projetos em curso Angola.

Em conferência de imprensa em Curitiba, o chefe da Polícia Federal Filipe Hille Pace, encarregue da força-tarefa da Lava Jato, afirmou que foram constadas interferências, em 2010, e que mais de três mil milhões de dólares foram exportados em valores para Angola pela Odebrecht, todos pagos pelo banco público.

“Temos uma mensagem eletrónica [de Marcelo Odebrecht, ex-presidente da empresa] alinhando planos para a autorização de 700 milhões de dólares, Marcelo [Odebrecht] considerava se não seria caso de se buscar o apoio de António Palocci para aumentar o crédito e gerar benefícios para seu grupo político [o PT]", especificou o responsável policial.

Pace considerou que Palocci agiu em favor da Odebrecht mediante pagamento de luvas, mesmo enquanto não exercia funções públicas e denunciou interferências do ex-ministro "nos mais diversos projectos, contratos e obras" em que a empresa queria obter algum tipo de vantagem.

"Havia uma actuação intensa e reiterada do senhor António Palocci", acrescentou Laura Gonçalves Tessler, procuradora da República, que citou quase 30 encontros pessoais entre o ex-ministro e executivos da Odebrecht.

Entretanto, após a prisão do antigo ministro das Finanças de Lula da Silva e chefe da Casa Civil de Dilma Rousseff, e dois colaboradore, o juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava Jato na primeira instância, decretou o bloqueio nas contas bancárias de Palocci (PT), do antigo assessor Branislav Kontic e do ex-secretário da Casa Civil Juscelino Antônio Dourado de até128 milhões de reais (33 milhões de dólares)

Outro núcleo da investigação apura pagamentos efectuados pelo chamado “sector de Operações Estruturadas” da Odebrecht para diversos beneficiários que estão sendo alvos de mandados de busca e de condução coercitiva.

Defesa fala em prisão arbitrária

O advogado do antigo ministro afirmou que as acusações contra António Palocci são improcedentes e classificou a prisão de “arbitrária”.

José Roberto Batochi foi mais longe e afirmou que a Operação Lava Jato "parece um espectáculo".

“O show tem que continuar. O circo tem que continuar”, afirmou Batochi, que disse estranhar o facto de o facto de o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, ter anunciado ontem que haveria Lava Jato nesta semana.

“O fato dele anunciar num encontro do PSDB que haverá novas diligências não é estranho. Aécio [Neves] denunciado, Anastasia denunciado, Serra. Por que será [que anunciou no evento]?” Para Batochio, “as liberdades constitucionais foram sequestradas em Curitiba”. “Ninguém faz nada. Um silêncio absoluto”, perguntou o advogado..

Para aquele criminalista, o Brasil regressa ao “velho tempo do autoritarismo, da arbitrariedade”.

“Qual a necessidade de se prender uma pessoa que tem domicílio certo, que é médico, que foi duas vezes ministro, que pode dar todas as informações quando for intimado. É por causa do espetácculo?", concluiu José Roberto Batochi.

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