Angola está em tempo de mudança com as melhorias a chegar através do país, disse Tony Caldas, administrador do Bairro Operário em Luanda e também conhecido músico angolano.
“Estamos a respirar outros ventos,” disse Caldas no programa da VOA Angola Fala Só hoje, 19, quando respondia a um ouvinte sobre a situação das infra-estruturas no bairro que administra.
Tony Caldas afirmou que toda a cidade de Luanda está ainda assente em infra-estruturas coloniais que não respondem às necessidades.
Luanda, disse, estava “a rebentar pelas costuras” no fim da guerra e agora iniciaram-se as obras de reabilitação e modernização.
“Herdamos um país com quase nada”, afirmou, adiantando que o Governo angolano “está preocupado com a situação” e a tentar levar serviços às populações e aresolver os problemas.
Contudo, esclareceu, “ há muita coisa que não depende do Governo”.
Quando à situação na municipalidade que administra, Tony Caldas disse que “há um casamento perfeito entre a população e administração”, rasgando elogios à população do bairro que estimou em cerca de 250 mil pessoas.
“Vamos ter um Bairro Operário mais moderno”, garantiu o administrador que abordou também a questão das “zungueiras”, as vendedoras de rua que no passado têm acusado as autoridades de as perseguirem.
Tony Caldas disse que as vendedoras “têm que perceber que a rua não é o lugar mais preferido para se fazer negócio”, mas admitiu que o problema terá que ser resolvido lentamente.
“À medida que se vão criando espaços, vão se criando mercados”, afirmou caldas, acrescentando que mesmo as próprias "zungueiras” sabem que a rua não é o melhor lugar para se fazer negócio.
Interrogado por um ouvinte sobre se havia contradição entre ser administrador e também primeiro secretário do MPLA para aquela zona, Tony Caldas disse que na verdade ele tem que lidar com três aspectos da sua vida.
“A mais prioritária é a de administrador e depois é a música”, respondeu, para esclarecer que "só depois é que vem o político”.
Tony Caldas negou que houvesse discriminação contra músicos que não apoiam o poder político afirmando haver a ideia errada de que músicos que apoiam o MPLA têm a sua carreira facilitada.
Ele referiu-se às suas próprias dificuldades afirmando que todos os músicos sabem que há grandes dificuldades em avançar nessa carreira, acrescentando que os músicos não se discriminam por causa da política.
“Nós os músicos não temos partidos, somos músicos”, disse.
Tony Caldas concordou com um ouvinte de que alguma da música ou da publicidade que a rodeia pode ofender os valores morais de muitos angolanos, mas disse que isso é em parte resultado da escolha da “economia de mercado” e do facto de que na actual era não se pode difundir a propagação dessas questões.
“É a própria sociedade que tem que se organizar para o regate dos valores”, disse afirmando que em Angola houve a “saída de uma sociedade tradicional para uma sociedade moderna da noite para o dia”. O que tem causado problemas, na óptica de Caldas.
Contudo, segundo Tony Caldas, na generalidade, a música angolana “está melhor” e com o público a exigir melhor qualidade. “Estamos no bom caminho”, concluiu.