O ano de 2016 vai ser “bastante difícil” para Angola, disse o economista Osvaldo Mboco.
Convidado do programa “Angola Fala Só”, Mboco - que é professor universitário de Relações Económicas Internacionais –, afirmou que “a conjuntura económica e financeira é desfavorável” para o país.
A crise tem tido um efeito de bola-de-neve desde a baixa do preço do barril de petróleo, que resultou no abrandamento económico, seguido da falta de divisas, resultando no encerramento de empresas e do aumento do desemprego.
Mboco avisou que o preço do petróleo continua “vulnerável” e alguns especialistas “mais pessimistas” dizem mesmo que poderá continuar a baixar até aos 20 dólares o barril.
Outras previsões, contudo, apontam para 40 ou 45 dólares, o que mesmo assim, lembra o economista "é abaixo dos mais de 100 dólares com que chegou a ser vendido".
Osvaldo Mboco disse que a diversificação da economia angolana deveria ter iniciado há mais tempo.
“Se essa diversificação tivesse ocorrido talvez esta crise não tivesse o mesmo impacto, a mesma magnitude, porque teríamos outros sectores para compensar", considerou economista, fazendo notar que a diversificação económica é algo "é essencial para Angola porque o petróleo é um bem esgotável e não renovável”.
"Um dia esse mesmo petróleo pode acabar”, sentenciou.
Osvaldo Mboco disse ser essencial haver investimentos em “áreas menos vulneráveis” como a agricultura e turismo e apostar-se mais na industrialização do país.
“Sem sombra de dúvida é fundamental que essa diversificação da economia de que se fala saia do papel e passe para aquilo que é o activo”, defendeu Mboco, lembrando que a diversificação, contudo, "não se faz de um dia para o outro”.
Ouvintes das províncias do Zaire (que produz petróleo) e da Lunda Norte e Sul (que produz diamantes) queixaram-se de serem os produtores da riqueza, mas que as suas províncias continuam mergulhadas na pobreza.
O economista disse que “assimetrias existem em qualquer país”, e resultam de uma situação bastante grave para uns e não para outros..
O economista abordou também as relações económicas entre a China e Angola e descreveu as linhas de crédito "como algo salutar”
O economista defendeu também a decisão do Governo de aumentar recentemente os preços dos combustíveis, afirmando tratar-se de “um ajuste” ao “preço real” que não existia devido a subsídios.
Esses subsídios, disse, "poderão ser usados em programas sociais para permitir a redução da desigualdade social”.
O subsídio dos combustíveis, disse, deve servir “para beneficiar a classe mais favorecida”.
Osvaldo Mboco conclui dizendo que o fim dos subsídios põe também fim ao contrabando de combustíveis que se registava com países vizinhos