A corrupção em Angola é impulsionada pelo tráfico de influências imposto pelas orientações políticas implementadas até há pouco tempo, afirmou o economista e professor universitário Josué Chilundulo, no programa Angola Fala Só da VOA, nesta sexta-feira, 20.
Ao responder a um internauta que lhe pediu um comentário à afirmação feita nesta semana em Londres pela empresária Isabel dos Santos, filha do anterior Presidente da República, de que a corrupção decorre da educação que se recebe em casa, Chilundulo considerou que “foi uma forma romântica de abordar o maior problema que Angola enfrenta”.
Apesar das imensas dificuldades de comunicação que dificultaram a participação do convidado e impediram o contacto com os ouvintes, o programa foi animado por perguntas e comentários nas redes sociais.
Aquele economista e comentador disse ver com bons olhos as “ intenções” do Presidente João Lourenço, mas, lembrando o ditado popular que “de boas intenções está o inferno cheio”, Josué Chilundulo defendeu a despartidarização da função pública e a retirada do Estado da economia.
“Quem faz a economia crescer são os micro-negócios e o Estado deve parar de vender iogurte, por exemplo, e ocupar-se apenas das questões macroeconómicas”, defendeu Josué Chilundulo, admitindo ser possível ao actual Governo criar empregos.
Entretanto, realçou, “coloca-se a questão da sustentabilidade porque para tal o Executivo terá de tomar medidas de fundo”.
Angola, para Josué Chilundulo, é um “país virgem em potencialidades, nomeadamente a nível da economia extractiva”, mas aquele professor lembra que “há que pôr fim ao tráfico de influência que permite que agentes públicos decidam e se apropriem dos negócios e das oportunidades”.
Aquele professor universitário defendeu como medidas prioritárias para o relançamento do crescimento da economia angolana “a retirada do Estado de sectores produtivos, que devem ser da responsabilidade de privados, a retirada do protagonismo aos agentes públicos nas tomadas de decisões e a criação de uma linha de financiamento bonificada para promover o investimento privado”.
Questionado por internautas sobre a eventual intervenção do Fundo Monetário Internacional em Angola, nomeadamente a nível da assistência técnica, como admitiu o ministro das Finanças Archer Mangueira, Josué Chilundulo recomendou “humildade ao Governo porque foi o Executivo anterior que foi adiando a introdução de medidas rigorosas em troca de acções populistas”.
Para Chilundulo, o encontro entre João Lourenço e Isaías Samakuva, líder da UNITA, nesta semana e sinais emitidos pelo Presidente “trouxeram alguma esperança aos angolanos que também começam a mostrar um maior interesse no controlo dos actos do Governo”.
O convidado abordou vários outros temas, como a desvalorização ou não da moeda e o tráfico de influências.
Ouça e veja o programa: