O activista e jornalista Rafael Marques pediu a demissão do Procurador-Geral da República porque ele não tem investigado casos de corrupção em Angola.
Marques reagiu assim, em entrevista à VOA nesta segunda-feira, 16, às declarações do Procurador-Geral da República (PGR) João Maria de Sousa que, na China, apelou à união de todos para se combater, prevenir e melhorar a investigação e acção penal contra os crimes ligados à corrupção.
“O Procurador falou de boca para fora, ela acusa à toa, como é que vai falar de combate a corrupção?”, interrogou Marques, segundo o qual "para o combate à corrupção em Angola, o Procurador tem de sair, tem que ter um novo Procurador”.
O activista fez notar que ele próprio denunciou no passado vários casos sem que o PGR tenha procedido a qualquer investigação e, pelo contrário, disse Marques, de acusador ele passou a ser acusado.
“Foram várias acusações, muitas delas nem foram respondidas, outras quando há prova arquivam o processo e em outros casos invertem a acusação e viro eu o acusado”, denunciou.
O advogado e presidente da Associação Mãos Livres, Salvador Freire, disse por seu turno que a PGR tem-se mostrado incompetente e que a corrupção em Angola é mais perigoso do que o SIDA.
Freire afirmou também ter entregue na PGR várias denúncias de corrupção, sem que nenhuma delas tenha sido investigada, nem nenhum dos acusados levado à barra dos tribunais.
"Os únicos casos são aqueles de pequena envergadura como o de polícias que aceitam subornos", diz, lembrando que "ainda que a corrupção em Angola corrói a sociedade e as mentes dos cidadãos".
“A corrupção aqui é pior que o SIDA”, conclui.
Na semana passada, o Centro de Integridade Pública publicou um relatório que elege o Ministério do Interior como o mais corrupto do país, seguido do Ministério da Justiça e Direitos Humanos e do Ministério da Educação.
O documento lista cerca de 90 entrevistas feitas em mais de cinco províncias.