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Angola: Analistas céticos quanto a declaração de estado de emergência para fazer face à crise económica


Alimentos da cesta básica
Alimentos da cesta básica

Líderes cívicos angolanos lamentam que o Presidente da República não seja sensível aos apelos da sociedade no sentido de decretar o estado de emergência nacional para permitir ao Governo tomar “medidas excepcionais” com vista a aumentar o fornecimento de alimentos, melhorar a segurança alimentar e ajudar a população a sair da actual crise económica e social, agravada nos últimos tempos com o aumento dos preços dos bens alimentares em meio à acentuada depreciação da moeda nacional, o kwanza.

Analistas dizem ser pouco provável que estado de emergência seja declarado em Angola para fazer fazer face à crise económica – 3:13
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O responsável da organização Rede de Terra Angola, Bernardo Castro, diz que o Lourenço não está talhado para “se vergar às vozes críticas à sua governação” e não tomará qualquer medida excecional.“Não tenhamos ilusões”, afirmou, por seu lado, o líder da associação Construindo Comunidades, padre Pio Wacussanga, para quem o Presidente não vai decretar o estado de emergência, “mas tentar sobreviver ao actual vendaval até às eleições”.

Florindo Chivucute, líder da organização não governamental Friends of Angola (FoA), diz ser urgente a aprovação de “um pacote de emergência para aliviar a situação de extrema pobreza que o país está a viver”.

“Temos de ter um Executivo sério e capaz de compreender a complexidade e a dimensão deste problema”, defende aquela activista.

"Medida desnecessária"

Entretanto, o jurista e influenciador digital Carlos Veiga diz ser desnecessária uma medida excecional para enfrentar a actual crise económica e alimentar do país.

O também docente universitário considera que as medidas anunciadas pela actual equipa económica serão suficientes para se inverter o quadro.

“Há coisas que deverão ser mexidas pela actual equipa económica e não é em vão que o Presidente da República mudou a equipa económica”, aponta Veiga.

Como resultado da actual crise económica, o Índice de Preços Grossista (IPG) registou uma variação mensal, no período de Maio a Junho de 2023, de 1,66%, sendo 0,40 ponto percentual superior à registada no período anterior e 0,51 pontos percentual inferior em relação à registada no mesmo mês do ano de 2022, de acordo com dados recentes do Instituto de Estatística de Angola.

A variação homóloga de Junho situa-se em 15,58%, registando uma baixa de 11,64 pontos percentuais com relação a observada em igual período do ano anterior.

A tendência da variação homóloga nos últimos três anos até ao mês de Março é crescente, invertendo o seu sentido a partir de Abril de 2022.

Durante o mês de Junho de 2023, os preços dos produtos nacionais aumentaram 2,29% comparados com os do mês de Maio.

Entre outros, os produtos que tiveram maior variação de preços neste grupo foram a gasolina com 79,54%, leite em pó com 3,21%, café torrado com 3,16%, manteiga com 3,14%, farinha de milho com 3,08%, bagre fumado com 2,93%, o óleo de soja com 2,78%, farinha de trigo com 2,69%.

A variação acumulada dos produtos nacionais em Junho de 2023 foi de 12,46%, segundo o INE.

Entretanto, o ministro da Economia e Planeamento, Mário Caetano João, foi citado recentemente que o país prevê um crescimento económico de 3% em 2023, com uma subida do PIB para uma média superior a 3,6% entre 2023 e 2027.

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