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Alta tensão no Quénia depois de prisões de jovens em mesquitas de Mombassa


Granadas e outros objectos apreendidos pela polícia
Granadas e outros objectos apreendidos pela polícia

Polícia invadiu duas mesquitas onde disse ter apreendido armas e granadas.

A tensão continua alta na cidade costeira de Mombasa, no Quénia, depois de a polícia ter invadido nesta madrugada, 17, duas mesquitas controladas por jovens radicais. Uma pessoa morreu e mais de 200 jovens foram presos pelas forças de segurança no bairro de Majengo. As autoridades disseram que foram apreendidas armas e granadas. Críticos, no entanto, apontam o dedo às autoridades que prendem e executam opositores.

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De acordo com o oficial da polícia de Mombasa Geoffrey Mayek, a tomada das mesquitas de Sakina e Musa foi motivada por relatos de que armas foram aí armazenadas e que os jovens estavam a preparar ataques terroristas.

"Recebemos informações de que havia armas de fogo e granadas escondidas nas mesquitas de Sakina e Musa. Por isso, planeamos uma operação nesta noite na mesquita de Sakina onde recuperamos três granadas de mão e uma pistola com seis cartuchos de munição. Na mesquita Musa recuperamos cinco granadas e armas brancas”, explicou o oficial.

Mayek disse que foram detidos 251 jovens e que as investigações continuam.

O vice-comissário do condado de Mombasa Mohamoud Salim instou a comunidade muçulmana a assumir o comando das duas mesquitas, de onde os líderes anteriores foram expulsos pelos jovens.

"A mesquita tem as suas próprias regras e leis e tem os seus membros do comité, mas estas duas mesquitas perderam o seu controlo. Queremos que a comunidade muçulmana indique o caminho a seguir, mas quando ouvimos de pessoas a cometer crimes, quando é dito que alguém está a passar armas lá dentro, o que vamos esperar?”, perguntou aquele responsável policial.

Em Fevereiro, as forças de segurança invadidam a mesquita de Musa em Fevereiro e, na altura, encontraram armas de fogo, facas, vídeos e bandeiras com os símbolos do grupo radical somali al-Shabab.

As autoridades acusaram na altura os clérigos de incentivar os jovens ao radicalismo no degradado bairro de Majengo.

Entretanto, o analista de segurança Andrew Franklin disse à VOA que as agências de segurança do Quénia usam repetidamente as mesmas tácticas para reprimir as pessoas que acreditam ser terroristas, mas os problemas continuam.

"Os problemas continuam e às vezes regressam com maior gravidade. Ao que parece os serviços de inteligência não funcionam. A polícia continua a prender jovens e a realizar execuções extrajudiciais graves dos chamados pregadores radicais e imãs, há toda uma série de situações não resolvidas, mas parece que atacam sempre pessoas que se opõem ao Governo”, diz Franklin.

Dezenas de clérigos muçulmanos, tanto radicais como moderados, foram mortos nas ruas de Mombasa ao longo dos últimos anos.

Desde a morte do clérigo radical queniano Sheikh Abubakar Shariff, também conhecido como Makaburi, os jovens radicais ficaram sem um líder e optaram por desenvolver actividades subversivas.

Nos últimos seis meses, os jovens radicais decidiram não falar com a imprensa e passaram a operar em grupos que atacam pessoas que passam informações ao Governo e às forças de segurança, bem como a clérigos moderados.

No início deste mês, o Sheikh Salim Bakari Mwarangi, que apoiou os esforços para acabar com o radicalismo na região costeira rebelde, foi morto a tiros por desconhecidos.

Em Junho, o presidente do Conselho de Imãs e Pregadores, o sheik da mesquita de Sakina Mohammed Idris, foi morto por pistoleiros desconhecidos perto de sua casa.

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