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SIDA “Silenciosa” É um dos Grandes Problemas do Brasil


SIDA “Silenciosa” É um dos Grandes Problemas do Brasil
SIDA “Silenciosa” É um dos Grandes Problemas do Brasil

Um Raio-x da situação da epidemia da Aids no Brasil aponta pelo menos três grandes preocupações.

A primeira delas foi anunciada pelo governo: jovens gays, travestis e adolescentes do sexo feminino viraram os grandes alvos da AIDS (SIDA) no Brasil. A segunda vem de especialistas: quase 400 mil brasileiros têm Aids e não sabem. Já a terceira preocupação, vem de quem sofre da doença e garante: o Brasil deixou, há muito tempo, de ser referência no tratamento do HIV.

De acordo com dados do Ministério da Saúde, o número de novos casos da doença continua aumentando entre os jovens, sobretudo os homossexuais e as mulheres. Para o ministro brasileiro da Saúde, Alexandre Padilha, esses jovens não viveram a luta contra a Aids há 20 anos e, por isso, não desenvolveram a consciência da prevenção. “Por isso, nós temos que ter cada vez mais estratégias de comunicação, de mudança de atitude, entender, cada vez mais, os meios onde esse setor se comunica. Ações diretas para dialogar com esses jovens”, afirma o ministro. “Nossos dados mostram que 95 % da população brasileira sabem que a melhor forma de impedir a transmissão do HIV é o sexo seguro, é o uso da camisinha, mas precisamos ter ações, cada vez mais diretas, para mudar essa atitude entre os mais jovens no nosso país,” completa Padilha.

Outra grande preocupação no Brasil é a Aids silenciosa. As estimativas mostram que 600 mil pessoas são portadoras do vírus, mas entre 350 e 400 mil brasileiros têm o vírus e não sabem. Essa realidade atrapalha o controle e dificulta o tratamento daqueles que têm a doença, como lembra o médico infectologista Carlos Starling. “Quanto mais cedo nos soubermos, quando menos lesado estiver o sistema imunológico, melhor é qualidade de vida desse indivíduo. Mais cedo, nós vamos poder controlar a doença e, com isso, evitar as infecções oportunistas que surgem com a piora da situação do sistema imunológico da pessoa. Na medida em que ele vem sendo destruído e quanto mais ele é destruído, mais infecções o indivíduo vai tendo e piores são as condições de recuperação. É fundamental o diagnóstico precoce e o tratamento no momento certo” afirma Starling.

Já para quem convive há muitos anos com o vírus do HIV, o desafio atual no Brasil tem sido lidar com as deficiências no atendimento ao soropositivo no Sistema Público de Saúde (SUS). Quem afirma isso é um portador do HIV, responsável por grupos de apoio a aidéticos no Estado de Minas Gerais. “O Brasil deixou de ser referência há muito tempo no tratamento de Aids, por falta de medicamentos, não tendo também toda a tecnologia em medicamentos para o tratamento. Isso é um desespero já que nós não podemos ficar sem tomar o medicamento nem um dia, porque, senão o vírus cria resistência. O SUS não atende todas as pessoas com todas as consultas e médicos necessários para que a pessoa que vive com Aids tenha vida com qualidade.”

Fora as dificuldades de tratamento, que estão relacionadas com vontade política de governo, o portador do HIV hoje no Brasil convive também com a falta de vontade de parte da sociedade de abandonar o preconceito. “As pessoas não têm muita compreensão e não sabem conviver, se relacionar com pessoas que têm o vírus. Eles sempre acham que isso está muito distante. Pensam sempre: “isso não vai acontecer comigo”. Eu já fui abandonado, depois de contar que era HIV positivo. A pessoa disse que ia ao banheiro e não voltou mais,” desabafa.

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