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Saddam Hussein tem sido acusado de crimes graves - 2004-11-11


Saddam Hussein tem sido acusado de crimes graves, incluindo limpeza étnica, gaseamento de aldeões curdos, assassinato de opositores políticos e de invasão do Kuwait.

Especialistas encontram-se ainda no processo de recolha de provas contra o antigo dirigente iraquiano, que muitos acreditam tenha sido responsável pela morte de cerca de 300 mil pessoas durante os 24 anos que esteve no poder.

O mês passado investigadores encontraram novas provas de atrocidades no norte do Iraque numa vala comum contendo os restos mortais de centenas de mulheres e crianças curdas.

Tom Parker, o antigo conselheiro especial britânico junto do da Autoridade Provisória da Unidade de Investigação dos Crimes Contra a Humanidade, refere que aqueles que estão a cargo do tribunal especial tentaram concentrar um numero amplo de especialistas, incluindo representantes de todos os grupos que foram vitimas do ditador de 67 anos de idade.

Parker sublinhou ser desejável escolher pessoas que representem a maioria geográfica e temporal dos crimes cometidos contra a população iraquiana, implicando que em alguns casos seja necessário andar vinte ou trinta anos para trás.

Este especialista acrescenta que devera ser assegurada a cobertura do massacre de curdos Barzani na década de oitenta, a supressão do levantamento shia em 1991, a invasão do Kuwait, a destruição dos pântanos árabes, para alem da perseguição de entidades políticas, essencialmente em Bagdade.

Saddam Hussein será julgado por um tribunal iraquiano independente, integrando varias dezenas de juizes e magistrados iraquianos, e se for condenado poderá enfrentar a pena de morte.

Gray Brass, autor de um livro sobre tribunais de guerra e professor assistente da Universidade de Princeton, afirma que o julgamento de Hussein pode constituir uma recuperação para as vitimas, e terá efeito sobre os árabes sunitas e os antigos apoiantes do regime Baath, muitos dos quais ainda se recusam a admitir a ocorrência de crimes no decurso do regime de Saddam Hussein.

A minoria árabe sunita tem governado o Iraque desde a formação dos estado em 1920, e anteriormente durante o império otomano. Após o derrube de Saddam Hussein, ele próprio um sunita, o grupo tem manifestado preocupação quanto à possibilidade de vir a ser marginalizado no novo Iraque.

Autoridades dos Estados Unidos e iraquianas consideram que antigos apoiantes de Saddam Hussein, tanto no interior do Iraque como no estrangeiro, são responsáveis pela actual rebelião, nas regiões centro e sul do pais.

Mark Danner, jornalista da revista New Yorker e professor de direitos humanos e jornalismo, considera que a rebelião permanece o maior obstáculo à estabilidade no Iraque, e nem uma eleição, nem um julgamento por crimes de guerra devera vir a alterar a situação.

A opinião publica numa região dominada pelo primado sunita deve centrar as atenções sobre a forma como decorrem as audiências, sendo de esperar que as estações de televisão de língua árabe transmitam a totalidade do julgamento.

Um antigo conselheiro da Autoridade Provisória da Coligação considera que as implicações do julgamento serão escutadas nas ruas por espectadores que vivem sob regimes ditatoriais em países vizinhos do Médio Oriente. De acordo com esta fonte a reacção será dizer que a medida que cada prova seja apresentada vão registar-se reacções por diferentes partes da sociedade.

Comparando aquilo que foi cometido por Saddam com a situação nos seus países, a opinião publica ira interrogar-se do porque da diferença de critérios.Para a mesma fonte se o julgamento decorrer durante meses, poderá vir a conduzir a uma visão mais negativa dos Estados Unidos na região.

Ate este momento não foi marcada qualquer data para o inicio das audiências, tendo o primeiro ministro Allawi indicado desejar que o julgamento tenha inicio antes das eleições marcadas para Janeiro, mas os especialistas consideram que devera levar muito mais tempo a preparar as acusações contra Saddam Hussein.

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