Os cientistas produziram documentação comprovando os efeitos das políticas de mercado em nações da África Ocidental, concluindo que o Mali sofreu menos que a Gâmbia e a Costa do Marfim com a crise alimentar de 2008.
Segundo aqueles cientistas a políticas de mercado livre iniciadas na década de oitenta podem ter ajudado a provocar a crise alimentar.
Na década de oitenta, os governos e as entidades emprestadoras como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional alteraram as políticas de mercado. Deram inicio a mercados livres para melhorar o sector da agricultura, com os especialistas a sugerirem que implicou a perda de sistemas de apoio aos agricultores.
O financiamento privado na agricultura substituiu a assistência do governo. Em alguns locais, estradas e moinhos construídos para ajudar os agricultores caíram em ruínas. Os impostos de protecção às importações e os apoios agrícolas foram eliminados.
Os agricultores plantaram ainda mais das suas melhores culturas para a exportação. Cultivaram menos para uso local. Arroz de menor custo começou a chegar aos portos da Gâmbia e da Costa do Marfim. Muitas pessoas nas cidade gostaram mais do arroz barato do que o produto cultivado localmente.
Segundo os especialistas a compra de arroz importado mais barato funcionou até à crise mundial de 2008. A partir daí muitas populações não puderam pagar por um elemento importante da dieta alimentar.
Alguns agricultores locais deixaram de cultivar, a produção de alimentos caiu e o desemprego aumentou.
As populações no Mali foram mais capazes de fazer face à crise alimentar com as pessoas mais pobres das cidades a comerem sorgo em vez de arroz.
Os agricultores do Mali tinham cultivado mais sorgo por que o preço do algodão, a sua principal fonte de receita, tinha baixado.
Ao contrário da Costa do Marfim e da Gâmbia, o Mali não possui portos marítimos, o que é visto com frequência um problema, mas que levou a uma menor dependência do arroz importado.
Os especialistas sugerem que os agricultores diversifiquem as culturas e não dependam apenas do arroz. Consideram que os governos podem colocar algumas barreiras comerciais e que os moinhos e as estradas sejam construídos – ou reconstruídos - para o processar e o transporte dos cereais para o mercado.