Pela primeira vez desde a invasão ao Afeganistão liderada pelos Estados Unidos, a comunidade internacional está a apoiar a política afegã de estender a mão a certas facções dos Talibã. Isto acontece numa altura em que vários países estão reunidos em Londres para discussões com o presidente afegão Hamid Karzai. Paulo Faria com os pormenores….
O presidente afegão Hamid Karzai está reunido com líderes mundiais, agora que a comunidade internacional apoia os seus esforços de levar elementos dos Talibã de volta ao governo afegão.
"Este esforço actual, este esforço renovado diria eu, tem o apoio dos nossos parceiros, em particular os Estados Unidos e a Europa ", disse.
O presidente do Paquistão, Asif Ali Zardari, quando se reuniu no princípio da semana na Turquia com Hamid Karzai deu o seu apoio à estratégia:
"Se há pessoas que são reconciliáveis ou pessoas que querem abandonar a sua forma de viver, os governos democráticos ou a democracia recebem-nos sempre bem de volta."
O governo paquistanês há muito que defende que o início de um diálogo com militantes Talibã no Afeganistão poderá abrir caminho para a estabilidade no país.
Ao mesmo tempo, o exército paquistanês está a lutar na área tribal do Vaziristão do Sul contra o chamado Talibã paquistanês, que foram responsabilizados por uma série de ataques no país.
Comandantes da coligação têm pressionado o Paquistão a atacar santuários do Talibã afegão e de operativos da al-Qaida, baseados na vizinha área tribal do Vaziristão do Norte, por entenderem que aqueles elementos são a maior causa de instabilidade no leste do Afeganistão.
Durante a recente viagem ao Paquistão, o secretário americano da Defesa, Robert Gates, sublinhou que o Paquistão não deve fazer uma distinção entre militantes nas suas regiões fronteiriças. Afirmou Gates:
"Santuários para quaisquer Talibãs, em qualquer lado das fronteiras, serão uma forma de ataques cada vez mais letais em ambos os países, ataques que já causaram um elevado número de vítimas civis."
Crê-se que o exército paquistanês ajudou os Talibãs a instalarem-se no Afeganistão depois das forças soviéticas terem deixado o país, há mais de duas décadas. Por esse facto, alguns analistas acreditam que o Paquistão pode ajudar a encorajar os militantes a voltarem às conversações de paz.
Mas o antigo
ministro paquistanês dos Negócios Estrangeiros, Najmuddin Shaikh, duvida que o
Paquistão ainda mantenha influência sobre a actual geração de militantes
Talibã, tendo dito que a conferência de Londres será instrumental para se
seguir em frente.
As Nações Unidas entendem que caso a comunidade internacional não reexamine a situação política e a estratégia militar no Afeganistão, os esforços para levar a paz ao país irão fracassar.
