Cada dia que passa parece existir um novo desafio para o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que acaba de assinalar 10 meses na Casa Branca.
Poucos dias depois de anunciar a sua nova estratégia para o Afeganistão – que inclui o envio de mais 30 mil novos soldados – Obama voltou de novo a sua atenção para a economia doméstica e para a redução do número de desempregados.
"Mas os americanos que há meses procuram desesperadamente trabalho, alguns há mais de 1 ano, esses não podem nem vão esperar. Temos que fazer tudo agora para que as empresas voltem a empregar, para que os nossos amigos, os nossos vizinhos possam regressar ao trabalho."
A administração recebeu uma pequena boa noticia quando foi revelado que a taxa de desemprego descera de 10.2, para 10 por cento no mês passado. Mas mesmo os aliados democratas do presidente reconhecem que reduzir a taxa de desemprego é uma dura batalha, e que uma falta de progresso pode deixa-los vulneráveis nas eleições intercalares do próximo ano, para o congresso.
A porta-voz da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, diz haver pouco debate sobre o que é mais importante para o próximo ano.
"Empregos, empregos, empregos, empregos, empregos. É sobre empregos, e sempre que estivermos a trabalhar nestas questões, estamos a falar da criação de postos de trabalho."
Ao mesmo tempo o presidente está a tentar obter a aprovação do congresso para uma reforma total do sistema de saúde. Os republicanos são praticamente unânimes na sua oposição ao plano orçado em vários biliões de dólares, o que quer dizer que o presidente terá que se apoiar apenas na unidade dos democratas para ver aprovada sua prioridade doméstica nos primeiros meses do próximo ano.
Vamos ouvir o congressista republicano, líder na Câmara, John Boehner do Ohio.
"A primeira coisa que terá que acontecer é parar a agenda, apoiada pelo presidente e que está a rodar no Congresso e que vai eliminar postos de trabalho."
Uma das grandes complicações políticas é a estratégia para o Afeganistão recentemente anunciada pelo presidente. Alguns democratas criticam o plano, especialmente a colocação de dezenas de milhar de tropas adicionais.
Entre eles o senador Russ Feingold de Wisconsin, que afirmou o seguinte no programa de televisão "This Week" da cadeia de televisão ABC.
"Estamos a operar com grandes défices neste país e a ideia de continuar a gastar nesta Guerra, é uma afronta à prioridade do povo americano de reduzir os gastos."
Os republicanos são geralmente apoiantes da colocação de mais tropas, apesar de alguns questionarem a determinação do presidente de começar a retirar tropas americanas do Afeganistão em meados de 2011.
A decisão do presidente relativa ao Afeganistão surge numa altura em que as sondagens da opinião pública mostram um país dividido sobre a questão dos gastos com mais tropas e o futuro papel dos Estados Unidos naquele país.
Os próprios números de aprovação do trabalho do presidente estão agora na fasquia dos 50 por cento.
Tom DeFrank é um observador político e o chefe da delegação em Washington do New York Daily News.
"O presidente tomou a decisão, sobre o Afeganistão polarizou de facto a opinião pública americana. Os americanos estão basicamente divididos, mais ou menos a meio, sobre a sabedoria de ir em frente com a decisão sobre o Afeganistão. Mas ao mesmo tempo silenciou as críticas dos republicanos."
Os analistas dizem que nos próximos tempos o presidente terá que manter delicados e complicados cálculos políticos.
Obama vai continuar a apoiar-se nos democratas para contrariar as objecções dos republicanos aos seus esforços de reformar o sistema de saúde. Ao mesmo tempo, o presidente tentará obter apoio dos republicanos em questões de segurança nacional, particularmente o Afeganistão, uma questão sobre a qual alguns membros do seu Partido Democrático decidiram quebrar fileiras com ele.