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As Comunidades Religiosas Afro-brasileiras


Até junho de 2010 será concluída no Brasil uma pesquisa inédita sobre as comunidades religiosas afro-brasileiras. O estudo consiste em um mapeamento, já iniciado no Rio de Janeiro, de todas as casas de religiões de matriz africana do estado do sudeste brasileiro.

O principal objetivo do estudo é dar visibilidade sócio-política às religiões que vieram com os africanos para o Brasil, mas, até hoje, são ignoradas pelo censo brasileiro. Para os estudiosos, externar as expressões religiosas africanas pode ajudar a combater a intolerância religiosa no país.

A pesquisa está em campo e as lideranças religiosas já estão respondendo, por meio de questionários, dados sobre suas comunidades religiosas. As respostas vão apontar quais são esses grupos, onde estão, como se reúnem, como vivem a religião com raízes africanas e se são juridicamente legalizados.

O cientista social da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Adaílton Moreira, é um dos coordenadores do trabalho. Ele destaca que as instituições censitárias trazem hoje dados estatísticos irreais sobre o cenário religioso no Brasil. Os levantamentos não contam com informações sobre as expressões religiosas ligadas ao universo do negro, aos descendes africanos e até ao passado escravocrata do Brasil.

No censo brasileiro existem opções de apontar as religiões católica, budista e outras. No que se refere, no entanto, à religião de matriz africana nada é citado, servindo como opção o item outros. "Existe esta invisibilidade e se não há visibilidade não é possível pensar uma agenda política," afirma o pesquisador. Ele lembra que "não há visibilidade devido ao preconceito, puramente".

A pesquisa que mapeia as casas de tradições africanas no Brasil é considerada inovadora porque está sendo desenvolvida, pela primeira vez, por um trabalho conjunto pesquisadores da PUC do Rio de Janeiro com lideranças religiosas afro-brasileiras. A partir desta união foi definida como seria traçado o mapa das religiões de matriz africana. "São as pessoas pesquisadas que ajudam na metodologia do próprio trabalho acadêmico", afirma o cientista social.

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