Quase seiscentos mil oeste africanos estão a ser afectados por cheias, após três meses de chuvas. A forte queda de chuva deve prosseguir até final do corrente mês de Setembro.
A mais recente avaliação das Nações Unidas sobre as cheias indica que mais de centena e meia de pessoas morreram – muitas delas na Serra Leoa – bem como no Senegal, no Burkina Faso, no Ghana e no Níger foram igualmente seriamente afectadas pela subida das aguas.
Oito pessoas morreram no Burkina Faso, onde os meteorologistas sublinharam ter ocorrido uma precipitação de 263 milímetros de chuva em apenas doze horas.
Este volume constituiu um quarto da média anual de pluviosidade, tendo afectado metade da capital, nomeadamente o hospital universitário.
Yvon Edoumon, é o porta-voz do gabinete da ONU para a Coordenação dos Assuntos Humanitários.
"O hospital foi um dos muitos na capital onde são tratadas diariamente milhares de pessoas. Por isso constitui uma grande preocupação. Se pensarmos em termos de serviços de saúde básicos existe o receio de que as pessoas que ali estavam na altura na cheia não estão a receber o tratamento que deveriam."
No Burkina Faso mais de cento e cinquenta mil pessoas estão sem casa – muitas das quais vivem agora em escolas e centros comunitários. Estas instalações estão de tal forma superlotadas que os homens dormem no exterior, expostos aos mosquitos da malária.
No Senegal uma nova avaliação feita pela ONU mais de 260 mil pessoas foi afectada por semanas de fortes quedas de chuvas, a maioria das quais vivem nas áreas pobres construídas nas terras baixas da capital Dakar.
Quando do regresso de um mês de férias na Europa, o presidente Wade afirmou partilhar do sofrimento daqueles cujas casas foram inundadas mas sublinhou que as chuvas deste ano constituem igualmente uma benesse já que vão levar a maiores colheitas que vão fazer com que o Senegal seja quase auto-suficiente em alimentos.
Noutras zonas os agricultores não foram beneficiados, com a cidade de Agadez, no Níger, a perder quase 400 hectares de terrenos usados para a agricultura e para o gado.
Edoumou frisa que as chuvas podem piorar a segurança alimentar na África Ocidental, especialmente nos países do Sahel onde os pequenos agricultores possuem poucas reservas.
"Quando uma situação destas ocorre, enfrenta-se a possibilidade de escassez de alimentos, o que pode provocar outros problemas como a má nutrição, ou insuficiente alimento para gado."
Há dois anos atrás as inundações na África ocidental mataram 300 pessoas e afectaram mais de 800 mil outras.