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Novo super-micróbio


Esta semana no programa sobre os esforços para combater a resistência anti-microbiana (AMR), vamos falar de um novo super-micróbio e de alternativas aos antibióticos.

O novo super-micróbio que é resistente a todos os antibióticos surgiu na Grã-Bretanha e preocupa os médicos.

O novo germe, conhecido pelo nome latino de Entero bacteria cea, foi levado para o país por britânicos que se submeteram a tratamento de saúde no exterior.

Por exemplo, os cidadãos britânicos adquiriram o germe depois de terem sido submetidos a uma cirurgia ou transplante de órgãos na Índia e no Paquistão.

Outros casos envolveram britânicos que foram hospitalizados na Grécia, Israel ou Turquia, e depois retornaram ao país natal.

Este novo super micróbio produz uma enzima que destrói até os mais poderosos antibióticos. Em função de sua procedência, ele está a ser chamado cientificamente de Nova Deli Metalo 1, e tem sido associado, no presente surto na Grã-Bretanha, a infecções urinárias e respiratórias.

John Mc Connell, editor da revista especializada Lancet, diz que o novo super-micróbio ainda não representa uma ameaça tão grande quando o MRSA, (o outro super-micróbio) mas tem o potencial de tornar-se um problema bastante grave.

O perigo deste novo germe é que ele não neutraliza somente os antibióticos comuns, mas chega mesmo a destruir o carbapenem.

O carbapenem constitui no arsenal médico uma espécie de arma de reserva, isto é, quando nada mais se mostra eficaz, o médico, confiante, recorre ao antibiótico do tipo carbapenem.

É que as bactérias são inimigos poderosos. E se elas conseguirem derrotar os antibióticos?

Os cientistas não estão inactivos. Além de defenderem os antibióticos, eles, ao mesmo tempo, contra-atacam.

Bem, um exemplo disso é a descoberta recente de pequenas moléculas capazes de causar a maior confusão no sistema de comunicação entre as bactérias.

Um estudo publicado no periódico Molecular Cell informa que actualmente estão a ser desenvolvidos processos capazes de interromper o modo como as bactérias transmitem informações colectivas para outras bactérias.

A virulência, ou seja, a capacidade das bactérias de provocarem doenças, é uma informação colectiva. Uma bactéria que produz uma substância tóxica causa relativamente poucos danos, mas pode transmitir essa característica a outras bactérias. E 100 mil bactérias, por exemplo, fazem um grande estrago.

Portanto, bloquear a comunicação entre as bactérias representa um grande passo na luta contra a resistência anti-microbiana, e pode vir a ser tão útil, ou mais, do que a acção dos próprios antibióticos.

O Dr. Aníbal Sosa é director do programa internacional da APUA, ou seja, Aliança para o Uso Prudente de Antibióticos, sediada aqui em Boston, nos Estados Unidos.

Numa recente entrevista à Voz da América o Dr. Sosa falou-nos do estado actual estado da resistência dos micróbios aos antibióticos.

" Não aconteceu muita coisa desde que conversamos da última vez, porque os governos de diferentes países sobretudo os em vias de desenvolvimento enfrentam prioridades prementes, tais como questões económicas e sociais que exigem muita atenção, e, portanto, eles não podem fazer o necessário para formular e seguir um plano de acção com o objectivo de combater a resistência dos micróbios. É esta a situação no momento. Estamos avançando muito lentamente."

Apesar de não ser um quadro muito animador o Dr. Sosa mencionou um exemplo: a USAID, agência do governo americano encarregada da assistência ao desenvolvimento internacional, tem ajudado os governos da Bolívia, Paraguai e Peru a formularem e executarem um plano de acção na luta contra a resistência anti-microbiana. Este projecto iniciou-se há 5 anos, mas até hoje nada foi finalizado.

O esforço tem de ser grande, e os resultados nem sempre são compensadores.

O Wall Street Journal, na semana passada, destacou que está a ser feito um grande barulho em torno da epidemia de gripe A H1N1, com apelos à acção, publicidade, recomendações, movimentação de fundos, etc. No entanto, diz o jornal, a resistência anti-microbiana, que é um perigo muito maior para a saúde pública, não está infelizmente a merecer a mesma atenção.

É preciso, portanto, maior consciencialização da opinião pública, bem como do meio médico, das autoridades e das instituições financiadoras.

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