Links de Acesso

Afeganistão: Muito Está  Em Jogo


No Afeganistão, pela primeira vez em quatro décadas, serão os próprios afegãos a conduzir o processo eleitoral. A assistência exterior será dada essencialmente pelas tropas estrangeiras estacionadas no país em apoio às forcas nacionais.

A comunidade internacional também apoia o financiamento de campanhas de educação cívica e a própria realização eleitoral.

Contudo, muitos serão os desafios, incluindo dos talibãs, empenhados em interferir em todo o processo.

Nas eleições deste ano há para já uma diferença: são os poucos observadores e conselheiros internacionais.

Segundo Ahmad Nader Nadery, da Comissão dos Direitos Humanos do Afeganistão, é a segurança que impede a presença de mais observadores internacionais. Para ele é deplorável, pois a presença de mais observadores daria mais credibilidade e transparência ao processo.

Para os afegãos está muito em jogo a 20 de Agosto como friza Nadery: "Penso ser um momento crucial para a história da nossa nação, o Afeganistão, e também a nível da arena internacional. Se este projecto falhar, seja devido à violência ou por outra qualquer razão, perde credibilidade e legitimidade. Então falhará todo o projecto de estabilização no Afeganistão e em toda a região."

A comissão Eleitoral Independente do Afeganistão tenciona desempenhar papel crucial nas tentativas de garantir a justiça da eleição. Mas o seu porta-voz, Noor Mohammad Noor, disse-nos que a comissão não tem capacidade de garantir a segurança. " Não é responsabilidade da comissão garantir a segurança. Essa é uma responsabilidade das tropas nacionais e internacionais que se encontram no Afeganistão. É responsabilidade delas criar um clima propício às eleições.

Na Universidade de Cabul, são diferentes as opiniões sobre quem deve garantir a segurança. Alguns esperam que as forças nacionais e internacionais possam assegurar as condições de segurança em todo o país, pois doutra forma não será possível votar. Outros há que acreditam na existência de vários factores que podem minar as eleições – sobretudo o facto de o governo não controlar todas as regiões do país. Uma estudante, Nila Ali, menciona que as mulheres poderão não ter condições para irem votar, devido às restrições que lhes são impostas por uma sociedade conservadora. As mulheres são metade da população mas não tem direito a voto.

A realidade é que algumas mulheres serão impedidas de votar. Os senhores da guerra entregarão cestos de votos aos candidatos que favorecem, e nas regiões remotas, nem serão distribuídas as urnas por serem áreas controladas pelos talibãs, ou grupos anti-governamentais.

Mas apesar dos obstáculos, o governo afegão e a comunidade internacional esperam que a sua cooperação permita a realização de uma eleição o suficientemente credível para ser aceite pacificamente pelo povo do Afeganistão.

XS
SM
MD
LG