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Droga: Tráfico por África Vai Piorar - EUA


Há muito que se fala do crescente contrabando de cocaína latino americana para a Europa através da África ocidental.

E há muito que se fala também do importante papel que a Guiné-Bissau joga nesse contrabando. O sub-secretário de estado assistente para assuntos africanos, Johnnie Carson, disse esta semana a uma comissão do senado americano que a Guiné-Bissau é já considerada por muitos como o primeiro narco-estado da região.

"O tráfico ilegal de drogas na África ocidental atingiu proporções epidémicas e problema poderá agravar-se muito mais antes de melhorar, especialmente em países como a Guine Bissau," disse Carson para quem uma das razões que leva ao tráfico é a pobreza. Salários são baixos e em muitas partes da África Ocidental 50 por cento da população vive com um rendimento de menos de dois dólares por dia. O nível de desemprego, disse Carson, é acima dos 30 por cento

"A Guiné-Bissau é um caso clássico", disse Carson.

" Não tem praticamente economia. Depende de um único produto para exportações, o caju. Não há qualquer dúvida que dois ou três carregamentos de cocaína através da Guiné-Bissau têm a enorme capacidade de corromper a sociedade e a sua elite política e os seus funcionários alfandegários", acrescentou.

Michael McGovern um especialista no combate ao tráfico de drogas disse que no caso da Guiné-Bissau o governo tem sido o que chamou de agnóstico ao contrabando. McGovern disse que oscontrabandistas escolhem os países em que a elite politica já se mostrou mais ou menos indiferente à sua população. E acrescentou:

"Onde o contrabando realmente assentou tem sido em locais onde tem havido não só a cumplicidade mas a estreita colaboração ao mais alto nível do estado que pode fornecer os militares, a logística e todo o outro tipo de apoio que os cartéis da droga precisam para operar nesses países", acrescentou

Mas claro está que nem tudo é negativo na África Ocidental. Entidades do governo americano mencionam vários países, como Cabo Verde, Senegal, Gana e Nigéria onde há vontade política de se combater o tráfico de drogas.

Os Estados Unidos e o Gana deverão em breve tornar operacional a primeira unidade de combate à droga no Gana, unidade essa em que os seus membros são vetados e periodicamente sujeitos a controlo por parte de especialistas americanos para se evitar a sua corrupção. Os membros dessa unidade foram e estão a ser treinados aqui nos Estados Unidos. Isto teve grande sucesso na América latina.

O sub-secretário de estado assistente para assuntos africanos Johnie Carson disse que o governo de Cabo Verde tem "o potencial vasto de ser um parceiro transatlântico para actividades de interdição regional, como plataforma de colheita de informações e como 'facilitador' do diálogo com a Guine Bissau".

Cabo Verde disse Carson possui uma democracia forte e estável, uma localização estratégica, três aeroportos certificados como seguros pelo departamento de aviação federal dos Estados Unidos, um excelente historial de cooperação com o departamento de defesa, a NATO, a União Europeia e departamentos policiais da Europa.

William Weschsler vice secretario de defesa assistente para o combate as drogas disse que o problema do trafico de drogas não 'e algo que pode ser resolvido apenas pelos estados Unidos.

"Isto não é um problema que podemos resolver sozinhos", disse Weschsler para quem as drogas são "um problema que os governos de África têm que jogar um papel preponderante em resolver".

"Claro está que os governos da Europa têm que jogar um papel importante em resolver. Ao fim e ao cabo a cocaína que esta a ser contrabandeada tem como destino a Europa", acrescentou.

Portanto um problema global que requer soluções globais. Isso poderá no entanto estar apenas no seu início. Talvez tenha sido por isso que Johnnie Carson, o sub-secretário de estado assistente para assuntos africanos tenha avisado que a situação "vai piorar antes de melhorar".

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