A Fundação para o Albinismo na África Oriental, um grupo de protecção das comunidades albinas nesta zona de África, e que se encontra sediada no Quénia, está a fazer um esforço para que seja feita justiça relativamente aos suspeitos da recente vaga de morticínios de albinos na Tanzânia, no Burundi e no Quénia.
O grupo afirma que os governos destes países devem também actuar para eliminar a prática e os mitos ligados ao albinismo através de programas apropriados de educação sobre o problema.
A Directora desta fundação, Josephine Wangeci, disse que há muito esperado processo judicial, que está a ter lugar na Tanzânia e no Burundi, constitui uma medida positiva para a protecção da população albina da região.
Sete indivíduos estão a ser julgados na Tanzânia e 11 outros no vizinho Burundi, acusados de matarem albinos e vender partes dos seus corpos para uso medicinal e feitiçaria.
Wangeci afirma que nos últimos anos, curandeiros tem conseguiram convencer várias pessoas nas zonas rurais de que os albinos possuem poderes mágicos e que o consumo de partes dos seus corpos traz sorte e amor.
"Na Tanzânia há muitos curandeiros, muitos mitos que se espalham, segundo os quais uma pessoa pode-se tornar rica comendo um braço, ou as partes privadas, ou pernas dos albinos. Mas são pessoas desesperadas, muito pobres, e ignorantes."
O albinismo é uma condição genética que impede o desenvolvimento da pigmentação normal da pele, tornando-a um rosa esbranquiçado. Em muitos países africanos, a discriminação contra os albinos tem sido um sério problema ao longo de várias gerações.
Mas há cerca de 18 meses, uma vaga de morticínios na Tanzânia, encorajou grupos de criminosos através da África Oriental a consolidar os mercados das partes dos corpos de indivíduos albinos.
Desde então, mais de 40 albinos perderam a vida, decapitados, os seus membros foram decepados, vendidos a cerca de 2.000 dólares por cada parte do corpo. Algumas famílias afirmam que fazem a compra para os seus familiares, em casa, para que não tenham que ir aos cemitérios procurar restos dos corpos dos albinos.
A polícia na Tanzânia começou a escoltar crianças albinas no caminho para a escola, afirmando o governo tanzaniano que vai também que vai passar a registar todos os albinos no país. A polícia efectuou várias detenções. Mas até agora nenhum dos detidos foi considerado culpado, havendo a preocupação de que, por ventura, pessoas de influência social ou conhecidos comerciantes locais estejam profundamente envolvidos no comércio.
Os morticínios propagaram-se recentemente ao Burundi e ao Quénia. Josephne Wangeci afirma que se os governos regionais desejam combater esta vergonhosa prática, deverão encontrar formas de informar o maior número possível de pessoas acerca do albinismo.
"É necessária uma grande consciencialização das pessoas. O que acontece deve-se à ignorância e à falta de educação. Devemos insistir junto dos governos para que façam alguma coisa contra isto."
Entretanto, desconhece-se o número de pessoas albinas que existem na África Oriental, calculando-se que seja na ordem das centenas de milhar.