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Obama Criticado Pela Esquerda


As duras realidades da governação servem muitas vezes para mostrar que a oposição é muitas vezes algo que convida a declarações fáceis.

O Presidente Barack Obama está sem dúvida ciente disso. Cerca de quatro meses após ter assumido a presidência o presidente está a provocar criticas de activistas de direitos humanos. A questão de Guantanamo levou mesmo a que no Congresso os democratas votassem pela primeira vez contra um pedido da presidência.

Durante a sua campanha presidencial Barack Obama criticou o uso de comissões militares para julgar alegados terroristas em Guantanamo. Mas agora Obama voltou atrás e afirmou que essas comissões vão julgar esses alegados terroristas embora com mais protecções jurídicas para os suspeitos.

Para além de críticas de activistas de direitos humanos há agora também sinais que o apoio de activistas mais à esquerda do Partido Democrático poderá estar a ser afectado.

Anthony Romero da União para as Liberdades Cívicas Americanas, a American Civil Liberties Union é um desses militantes que não esconde a sua desilusão com o presidente.

"Eu penso que o presidente está a ser mal informado", disse Romero.

"Penso que se o presidente tivesse gasto tanto tempo como eu a assistir aos trabalhos dessas comissões em Guantanamo iria concordar que é um desastre para a justiça", acrescentou

Stacy Sullivan da Amnistia Internacional concorda, afirmando que as pessoas acusadas de terrorismo deveriam ser julgadas em tribunais federais. Para Sullivan a decisão de Obama foi um revés para os esforços de se estabelecer um sistema jurídico credível para julgar os detidos de Guantanamo.

"Isto é um enorme revés," disse ela.

"Temos um novo presidente que quando era senador criticou asperamente as comissões militares e que no seu segundo dia como presidente anunciou que ia encerrar Guantanamo," recordou a activista lembrando ainda que "nessa altura suspendeu as comissões militares".

"O presidente vai ressuscitar as comissões militares" disse, acrescentando que isso "destrói a sua promessa de encerrar Guantanamo porque está a ressuscitar aquilo que era o aspecto de mais objecções em Guantanamo".

Mas não é só a questão das comissões militares que está a provocar a irritação de activistas de direitos humanos.

A decisão do presidente Obama de se opor em tribunal à publicação de fotografias detalhado alegados abusos de tropas americanas a presos no Iraque e de não apoiar a formação de uma comissão para investigar alegados casos de tortura está também a provocar desilusão e críticas.

Linda Gustitus da Campanha Nacional Religiosa Contra a Tortura afirmou que há que saber-se o que passou durante a administração Bush .

Disse Gustitus que "não poderemos estar confiantes que os Estados Unidos jamais usarão de tortura outra vez até o povo americano, incluindo aqueles de fé, acreditarem que é errado usar isso qualquer que seja a circunstancia".

Activistas estão também preocupados com a possibilidade de que alguns dos detidos de Guantanamo que não sejam levados a julgamento possa ser detidos por tempo indefinido.

É agora óbvio para muitos analistas que a administração Obama está a ter dificuldades em saber que destino dar a alguns dos detidos. Esta semana o Congresso recusou aprovar fundos para o encerramento de Guantanamo enquanto o presidente não especificar o destino a dar aos presos. Muitos dos estados americanos tornaram já claro que não aceitarão manter esses pesos nas suas prisões.

Para além disso alguns congressistas democratas opõem-se à decisão do presidente de enviar mais tropas para o Afeganistão e de manter uma grande presença no Iraque.

Dennis Kucinich que foi também candidato a presidência e pertence à ala mais à esquerda do Partido Democrático é um desses críticos.

"Não se pode dizer ao povo americano que se está a acabar com a guerra continuando a financiar a guerra" disse Kucinich.

"Não se pode dizer ao povo americano que a guerra vai acabar quando se planeia deixar no Iraque 50.000 soldados", acrescentou

John Fortier do American Enteprise Institute, um centro de estudos baseado aqui em Washington afirma que há o potencial para o descontentamento da esquerda aumentar nos próximos meses.

Depois de afirmar que "por enquanto Obama é um presidente popular. Mas daqui a dois anos, mesmo se a situação estiver estabilizada no Afeganistão não é claro se há uma estratégia de saída e poderá ser um problema a longo prazo ter que manter tropas no país. Isso poderá não ser algo de muito popular na base do partido".

Outros analistas acreditam que Obama tem contudo razões politicas fortes para manter uma via moderada na politica externa e questões de segurança nacional.

Andre Kohut do Centro de Investigação Pew, um centro de estudos aqui em Washington, é dos analistas que acredita que a via moderada é a via a seguir.

"Se houver a percepção que o presidente está a seguir uma via ideológica isso irá destruir a noção de que ele é um presidente diferente e que é um centrista," disse Kohut para quem "o centrismo é o que é popular".

"Obama foi eleito por uma diversidade de pessoas mas predominantemente pelo centro do eleitorado" disse o analista.

"Esse centro votou por ele em maior número do que para qualquer outro presidente da história recente", acrescentou.

Há que dizer com efeito que a curto prazo pelo menos a via seguida por Obama está a a ter sucesso político. Uma sondagem recente revelou que 64 por cento do eleitorado aprova dos métodos seguidos pelo presidente em questões de segurança.

Mas fica contudo já ao viso que o descontentamento da ala liberal e de esquerda do seu eleitorado deverá crescer nos próximos meses quando o presidente for de novo obrigado a fazer compromissos em questões como a reforma do sistema de saúde e no combate ao aquecimento global.


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