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Combate a Pirataria Somali


O Pentágono informou estar a procurar novas formas de combater a pirataria ao largo da costa da Somália. Mais quatro navios foram sequestrados desde o dramático resgate no domingo por forças americanas de um capitão da Marinha Mercante que foi feito refém por piratas. Ao todo, cerca de 16 navios e mais de 250 tripulantes de vários países encontram-se nas mãos de piratas somalis.

Oficiais disseram não haver soluções fáceis, rápidas ou puramente militares para o problema da pirataria somali. Mas o Chefe do Estado Maior General das Forcas Armadas Americanas, almirante Mike Mullen, disse terça-feira no programa de televisão ABC "Bom Dia América" que o resgate do capitão de um cargueiro americano levou-o a ordenar um novo esforço para encontrar formas de lidar efectivamente com os piratas.

"Solicitei que se iniciasse uma revisão pelo Estado Maior para se aprofundar a estratégia de combate".

Mas ate agora, algumas das novas ideias oferecidas por analistas não foram endossadas por funcionários da segurança nacional, incluindo uma sugestão para uma operação militar em terra na Somália.

A este propósito, David Smock, um especialista sobre África no Instituto para a Paz dos Estados Unidos, afirmou:

"Penso que os piratas se retirariam e esconderiam. Seria muito difícil montar uma operação terrestre que os limpasse totalmente. E iria virar a população somali contra os países ocidentais e apenas estreitaria as relações entre os piratas e os jihadistas."

Neste contexto, o resgate de domingo no mar que resultou na morte de três piratas foi seguido de comentários desafiadores de lideres de piratas e jihadistas na Somália.

"Certamente que levaremos a serio os comentários. Isto e, iremos estar muito bem preparados para lidar com os factos. E isso fará certamente parte da nossa revisão militar."

O almirante Mullen e o secretário da defesa, Robert Gates, afirmaram não haver uma solução puramente militar para o problema da pirataria somali. A pirataria continua a aumentar, apesar de navios de guerra de 16 países patrulharem a área. E Gates afirmou na segunda-feira que o problema ira "provavelmente piorar" ate que a comunidade internacional possa, nas suas palavras, "fazer alguma coisa em terra que comece a mudar a equação" para o "incrível numero de pessoas pobres" na Somália, alguns deles tendo-se tornado piratas.

Propostas para ajudar a levar a estabilidade e o desenvolvimento económico a Somalia envolvem esforços a longo prazo com resultados incertos. Os esforços de alguns armadores para aumentar a segurança nos seus navios tem tido algum sucesso. Instalaram arame farpado, retiraram escadas e mudaram as suas rotas, entre outros passos. Mas tem havido resistência a propostas para colocar guardas armados em navios mercantes.

Virginia Lunsford, da Academia Naval dos Estados Unidos, tem investigado a história da pirataria no mundo e afirma que poderá haver outras formas de reduzir a capacidade dos piratas de operarem, sem ataca-los em terra ou esperar que a situação na Somália mude.

"Para alem da necessidade de terem uma base de operações, os piratas tipicamente tem algumas formas de apoio. Esse apoio pode ser sob a forma de fornecimento de mantimentos. Pode ser sob a forma de fornecer uma saída para o capital adquirido pela pirataria. Pode-se ser sobre a forma de funcionários locais que são corruptos, que os ajudam a esconderem-se. Uma outra forma de conseguir isso e identificar algumas das fontes explícitas de apoio aos piratas."

Especialistas dizem que a prioridade dos líderes dos piratas somalis será provavelmente proteger a sua lucrativa empresa criminosa. Companhias de navegação pagaram nos últimos anos aos piratas, dezenas de milhares de dólares para que os seus navios e tripulações fossem devolvidos em segurança. No ano passado registaram-se 111 incidentes de pirataria na região, o triplo do número do ano anterior. E neste ano de 2009, já se registaram perto de 70 incidentes.

O presidente Obama afirmou ser necessário aumentar a cooperação internacional para por fim a pirataria.

"Para se alcançar esse objectivo, temos de continuar a trabalhar com os nossos parceiros para evitar ataques futuros. Temos de continuar a estar preparados para confronta-los quando eles aparecem. E temos de garantir que aqueles que cometem actos de pirataria serão responsabilizados pelos seus crimes."

Mas mesmo isso e complicado, particularmente quando alguns dos piratas são adolescentes, como aqueles que sequestraram o capitão do cargueiro americano.

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