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Visita Papal Suscita Debate em Benguela


Em Benguela os líderes das igrejas protestante e católica concordam que a democratização em Angola não terá sustentabilidade se as igrejas não assumirem a sua responsabilidade plena neste processo; mas parece não haver unanimidade quanto ao posicionamento político das instituições religiosas.

As igrejas têm desempenhado um papel importante na promoção da paz e da reconciliação em muitos lugares em Africa.

Por exemplo, em Outubro de 1992, a comunidade Sant Egídio trabalhou na moderação das conversações de paz em Moçambique que permitiram a assinatura de um acordo de paz.

Em Angola, as relações entre o governo e as igrejas foram tendo alguns dissabores ao longo da história, à medida em que instituições religiosas iam tomando posições pró-democracia em determinadas ocasiões, tal como se deu em 1989, quando a CEAS (Conferencia Episcopal de Angola e São Tome) reafirmira que o caminho para a paz e reconciliação nacional envolvia reformas democráticas no país. Na altura o governo de partido único do MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola) acusara a igreja de obstruir os esforços de paz e tomar posições semelhantes à do governo norte-americano e da UNITA (União Nacional para Independência Total de Angola) que, travava uma guerra civil contra as autoridades governamentais.

Esta posição dos bispos católicos veio cristalizar as mudanças ocorridas na igreja católica depois do seu apoio ao governo colonial.

Enquanto isso, antes da independência de Angola a igreja Envagelica do Lobito, concedia bolsas de estudos a nacionalista angolanos, mas queria garantias dos estudantes voltarem a Angola, para a libertação do jugo colonial.

Desde o ano de 2002, após o cessar-fogo em Angola, foi se assistindo um discurso mais conciliador emanado do governo e devolução de alguns patrimónios da igreja que, tinham sido confiscados pelas autoridades, mais continua a haver ainda denúncias de interferência do partido no poder no seio das várias instituições religiosas.

O reverendo José Belo Chipenda que falava a Voz da América, a propósito da visita do Papa Bento XVI, efectuada de vinte a 23 do corrente, a este país africano, disse que tanto as igrejas como o governo angolano devem procurar a verdade sobre a qual se pode construir uma nova Angola e apelou para diálogo entre ambos.

O prelado que nota haver uma grande rotura nas relações entre as duas instituições, encontra uma barreira que divide a arena política da religiosa, ao definir a política como a ética das cidades e religião como algo que liga sobrenatural ao natural, embora considere que as duas instituições se convergem ao terem como ponto de partida e chegada o bem comum.

" A política é a ética das cidades e religião ligar o natural ao sobrenatural. São duas instituições que, cada uma tem a sua própria missão, mas as duas contribuem para o bem da sociedade" afirmou

O reitor da Universidade Católica em Benguela, o padre Amadeu Ngula, referiu por sua vez que as linhas divisórias entre o que é político e o que é religioso, são meramente virtuais.

Considera que as igrejas estão no seu direitos de abordarem aspectos ligados à politica e justiça social, alegando que a igreja encarna no seu discurso a vivência do homem.

" Ao longo da história houve este confronto entre esta dualidade, cada um achando que estava a ultrapassar a sua esfera" disse Ngula acrescenbtando que "a igreja coloca-se na cidade terrena, não pode esquecer-se dos homens que vivem neste contexto".

"Neste sentido que quando fala dos aspectos sócias e políticos e até matériais, a igreja está no seu direito porque quer o homem na sua totalidade não fala da espiritualidade como algo desencarnado" acrescentou.

O Santo padre Já deixou deixou Luanda para trás fica a frustração dos políticos da oposição em Benguela que, ansiavam manter contacto directo com Bento XVI, fora da capital país para exprimirem as limitações politicas que com se debatem.

António Capalandanda

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