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China: Tensão Sobe no Tibete


Assinala-se amanhã o quinquagésimo aniversário da fuga do Dalai Lama para a Índia depois do levantamento falhado no Tibete contra a dominação chinesa. Meio século depois o governo chinês continua a deixar bem claro que continua a considerar o líder espiritual tibetano como "persona non grata".

A extrema sensibilidade da China a tudo quanto se relaciona com o Dalai Lama ficou bem patente em Dezembro passado quando Pequim decidiu cancelar a cimeira China-Europa depois do presidente francês se ter encontrado com o prémio Nobel da paz. O ministro chinês dos negócios estrangeiros Yang Jiechi salientou que para o seu governo o problema é e será sempre um problema de soberania nacional.

O chefe da diplomacia chinesa afirmou ainda que as divergências entre Pequim e o Dalai Lama não estão relacionadas com questões religiosas, direitos humanos, democracia ou cultura. De facto, a China considera o Tibete como uma questão primordial de defesa da unidade nacional. Pequim acusa com efeito o Dalai Lama de estar a tentar obter a independência do Tibete.

Contudo o Dalai Lama tem reiterado que apenas pretende a autonomia religiosa e cultural da sua terra natal. Paralelamente activistas tibetanos têm acusado o governo chinês de estar a tentar eliminar a cultura tibetana. De modo a tentar impedir incidentes durante o aniversário as autoridades chinesas decidiram multiplicar as patrulhas de polícia no Tibete e nas zonas habitadas por tibetanos na região ocidental da China.

Há um ano atrás manifestações de monges budistas na capital tibetana Lhasa degeneraram em confrontos violentos nos quais morreram pelo menos 19 pessoas. Qiangba Puncog, o presidente do governo tibetano afirmou que este ano não se verificará uma repetição dessa violência.

O presidente do governo tibetano declarou também que grande parte da população tibetana apoia o governo e que as autoridades locais tinham tomado o que considerou como medidas de defesa adequadas. Entretanto numa cidade de maioria tibetana na província vizinha de Sechuan, um morador que preferiu manter o anonimato disse à nossa reportagem que a presença das tropas chinesas se transformou numa realidade diária. Aquele residente afirmou-nos que nos tempos que correm não era boa ideia sair à rua acrescentando também que os bens alimentícios tinham aumentado de preço visto que era necessário dar de comer aos militares.

O governo chinês limita quase que por completo o acesso de jornalistas ocidentais ao Tibete. Contudo grupos de activistas afirmam que a crescente tensão não fez diminuir o apoio ao Dali Lama que continua a ser considerado como o líder do budismo tibetano.

Recentemente, um monge budista da zona de Aba na província de Sechuan maioritariamente habitada por tibetanos decidiu imolar-se durante um festival no fim de Fevereiro. O vice-governador daquela província Wei Hong afirmou que o monge em questão recebeu de imediato tratamento das suas queimaduras às mãos dos serviços de saúde chineses.

Wei afirmou que os pais do monge expressaram a sua gratidão acrescentando que a auto-imolação era considerada localmente como desrespeito pelos direitos humanos e das doutrinas budistas tibetanas. A China considera o aniversário de amanhã como o dia em que os libertadores chineses trouxeram as reformas democráticas ao Tibete.

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