O presidente Barack Obama nomeou o antigo senador George Mitchell como enviado especial para ao Médio Oriente e o antigo secretário de Estado adjunto Richard Holbrooke como seu representante especial para o Afeganistão e Paquistão.
As nomeações, anunciadas durante um encontro com funcionários do Departamento de Estado, constituem uma grande reviravolta em relação à administração Bush que evitava o conceito de enviados especiais em favor da diplomacia exercida pelo secretário de Estado e os embaixadores americanos.
As nomeações sublinham também a urgência sentida pela administração Obama de pressionar por um acordo sobre a disputa israelo-palestiniana na sequência do conflito de Gaza e em lidar com a complexa guerra no Afeganistão, alimentada por extremistas através da fronteira com o Paquistão.
O presidente Obama, com a secretária de Estado Hillary Clinton ao seu lado, afirmou que a sua administração irá procurar "activa e agressivamente" um acordo duradouro entre Israel e os palestinianos. Obama disse que George Mitchell, uma figura chave na obtenção do acordo sobre o fim do conflito na Irlanda do Norte, irá viajar em breve para o Médio Oriente em busca de uma paz sustentada e duradoura.
Obama reiterou o empenho da América na segurança de Israel e o seu direito a auto-defender-se face aos disparos de roquetes do Hamas que, disse, não podem ser tolerados por israelitas ou palestinianos.
Mas o presidente Obama sublinhou também as preocupações dos Estados Unidos sobre as condições humanitárias na Faixa de Gaza e o empenho em ajudar a reconstruir o devastado território.
"Tanto é intolerável o terror do disparo de roquetes contra israelitas inocentes, como também um futuro sem esperança para os palestinianos. Estou profundamente preocupado pela perda de vidas palestinianas e israelitas nos últimos dias e pelo grande sofrimento e necessidades humanitárias em Gaza. Os nossos corações vão para os civis palestinianos que necessitam urgentemente de alimentos, água potável e cuidados médicos básicos."
O presidente disse ter chamado Richard Holbrooke – que conseguiu os acordos de paz de Dayton nos anos 90 entre as facções em guerra na Bósnia-herzegovina – para implementar uma aproximação estratégica e sustentável aos problemas partilhados do Paquistão e Afeganistão.
Barack Obama chamou isso de uma "frente central" da luta contra o terrorismo e o extremismo.
"Lá, tal como no Médio Oriente, devemos compreender que não podemos lidar com os nossos problemas isoladamente. Não existe uma resposta no Afeganistão que não se confronte com bases da al-Qaida e dos Talibãs ao longo da fronteira. E não haverá paz duradoura até expandirmos as esferas de oportunidade ás populações do Afeganistão e Paquistão."
Holbrooke afirmou que tenciona viajar muito em breve a região para aferir a situação militar e política, onde disse que as forças americanas estão engajadas contra um inimigo implacável sem escrúpulos no Afeganistão – os Talibãs – enquanto enfrentam um ainda maior inimigo – os terroristas da al-Qaida – através da fronteira com o Paquistão.
O antigo secretário de Estado adjunto acrescentou que ninguém pode dizer que a guerra no Afeganistão está a ir bem, mas acrescentou estar confiante de que os recursos a ela devotados podem ser melhor utilizados.
"Se os nossos recursos forem mobilizados e coordenados e usados em conjunto, podemos quadruplicar, quintuplicar, multiplicar 10 vezes, a eficácia dos nossos esforços lá."
O antigo senador George Mitchell afirmou não subestimar as dificuldades de alcançar um acordo sobre a disputa do Médio Oriente. Mas notou que o conflito na Irlanda do Norte tinha uma história de 800 anos e, apesar disso, foi resolvido.
"Pela minha experiência tenho a convicção de que não há nenhum conflito que não possa terminar. Os conflitos são criados, conduzidos e sustentados por seres humanos. Podem ser terminados por seres humanos."
Analistas do Médio Oriente dizem que George Mitchell, que eh de ascendência libanesa, poderá ter mais sucesso na aproximação à disputa israelo-palestiniana, do que teve a administração Bush, que apoiou fortemente Israel. Mitchell fez um relatório altamente elogiado sobre a região em 2001 que recomendava um congelamento da construção de colonatos israelitas e a repressão do terrorismo por parte dos palestinianos.